Sonoridades mundialmente populares como kuduro, afrobeat, dub, soul music e reggae, além de ritmos popularmente baianos como arrocha, pagode e samba, deram o tom da terceira noite de Carnaval do Pelô, numa festa em que a diversidade se fez presente de muitas formas. Em destaque, o show da banda camaçariense Afrocidade com as cantoras trans Titica e Majur, a primeira, angolana, e a segunda, baiana como o grupo. A conexão com o continente africano também foi fortalecida no show Blackfolia World Black Music, que contou com a nigeriana Okwei Odili e os baianos Dja Luz e Daúde.
No show “Conexão Bahia Angola”, a música afrobaiana politizada, popular e contagiante, como é descrita a mistura músico cultural da Afrocidade, foi potencializada pelo balanço eletrizante do kuduro de Titica e pela força das múltiplas representatividades expressadas pelo trabalho de Majur. Uma marca importante da apresentação foi fazer subir ao palco principal do Carnaval do Pelourinho duas artistas trans, reforçando o discurso de representatividade e inclusão emanado em toda apresentação. Para Majur, “estar nesses espaços é um momento único. Estou aqui para representar a Bahia, o que a gente tem de bom e a originalidade afro”, diz.
Em seguida, no palco principal no Largo do Pelourinho, com o tema Excentricx e Extravagantxs, o Três na Folia reuniu as cantoras Sandra Simões, Claudia Cunha e Manuela Rodrigues, retomando a formação original do projeto que levou o público a relembrar antigos carnavais, afoxés, músicas dos blocos afro, além dos elementos do rock de Rita Lee e Rau Seixas.
Quem ficou até o final da programação vivenciou um encontro potente dos artistas Daúde, Okwei Odili e Dja Luz, na terceira noite do Carnaval do Pelô. O show trouxe a música cubana, jamaicana, nigeriana, estadunidense e brasileira reunidas em um único repertório. A ideia de construir um repertório focado na música negra mundial permitiu que a cantora e compositora, Okwei Odili, natural da Nigéria, participasse pela primeira vez do Carnaval do Pelô. “Eu gosto da folia daqui justamente por possibilitar que as pessoas possam conhecer outro tipo de música e outro tipo de cantores. Estou muito feliz de perceber que estamos na mesma linguagem”, disse.
Reggae em evidência
A programação também foi movimentada nos largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro d’Água. Em destaque, muitos foliões curtiram o balanço do reggae, que foi muito bem representado na noite de domingo. A Orquestra Reggae de Cachoeira levou levando para o palco do Pedro Archanjo 23 músicos, com idades entre 14 e 29 anos, parte do projeto existente desde 2012 e que atua ensinando jovens da cidade a tocar diversos instrumentos. Já no Largo Tereza Batista, a galera curtiu o show da cantora Renata Bastos, uma das grandes expoentes femininas do reggae baiano. Com um repertório formado por canções autorais, e clássicos de Bob Marley e Edson Gomes, a artista participou pela segunda vez no Carnaval do Pelô.
Brincar e carnavalizar
Mais um dia de baile infantil no Carnaval do Pelô, que também pode ser chamado de batalha de espuma, chuva de confete, mar de sorrisos e muita diversão. A festa ficou sob o comando de Ray Gramacho e a Banda Folia, que, como prometido, integrou crianças e adultos e deixou a tarde de domingo (03) genuinamente colorida e vibrante. A apresentação contou a mistura de ritmos, agregando canções do mundo da infância, além de outras consagradas nos carnavais da Bahia, animando crianças de todas as idades, inclusive as que já são chamadas adultas.