O conceito de “dividir para conquistar”, utilizada há séculos por governantes como o romano César e o imperador francês Napoleão, continua sendo utilizada na velha política como tática de guerra. Veja o exemplo do Democratas, um dos partidos mais sólidos do país, mas que enfrenta uma grave crise interna devido a divisão ocorrida após a disputa pela presidência da Câmara Federal. Um grupo apoiou o derrotado Baleia Rossi (MDB) e o outro acompanhou Arthur Lira (PP), que ganhou com folga.
Ex-aliados e “irmãos da política”, ACM Neto e Rodrigo Maia trocam farpas em veículos de comunicação e protagonizam um embate inimaginável há algumas semanas. Maia diz que “Neto fala uma coisa em off e outra em on”. A resposta do presidente do Democratas é ácida: “Rodrigo Maia se encastelou no poder conquistado e, agora, demonstra surpreendente descontrole”. E mais: “dá pena vê-lo deixar, de forma tão lamentável, a posição de liderança que exerceu”.
Enquanto isso, aquele que calculou friamente o duro golpe no Democratas aguarda ansioso e atentamente os próximos capítulos. Ainda gargalha alto de Ciro Gomes e Luciano Huck, também presidenciáveis e que já contavam com o apoio de Neto, provável candidato ao governo da Bahia nas próximas eleições.
Para reinar e conquistar, Jair Bolsonaro, presidente da República, conseguiu dividir o partido que atrapalhava seus planos. Agora, paquera e quer entregar ardilosamente ao DEM o Ministério da Educação.
Bolsonaro, que não admite em hipótese alguma a união de um grupo capaz de fazer oposição ao seu governo, quer fechar sua conta eleitoral para 2022. E se o plano principal não fluir, vai querer enfraquecer o ex-prefeito de Salvador com outros tipos de investidas: ataques nas redes e perda de espaços.
Por Ramon Margiolle