Um problema antigo que atinge o meio ambiente e causa perturbação do sossego voltou a ser motivo de revolta dos moradores do Costa Azul. Nesta sexta-feira (02/03), a empresária Marcela Guimarães, que reside no bairro há 15 anos, entrou em contato com o Informe Baiano. Ela revelou que “fanáticos religiosos” estão promovendo aglomerações e queimando fogueiras nas dunas localizadas na Rua Doutor Augusto Lopes Pontes.
“Aglomeram dias, noites e madrugadas. Aos berros, não usam máscaras, não respeitam a vizinhança, já tem processo judicial correndo há anos. Essas dunas são proibidas de ter acesso pelo humano, é uma reserva ambiental. Já tentaram fechar de todas as formas, eles arrancam e invadem”, denunciou.
Guimarães disse que na madrugada desta sexta-feira (02/04) o grupo varou a madrugada no local. “Parece uma festa de paredão. Levam caixas de som, fazem fogueira, só a música que é completamente desafinada”, acrescentou.
“É bem antigo isto. E agora na pandemia está surreal. Incrível como a prefeitura não dá ouvidos a essa situação. E ainda vem todos os dias o caminhão da própria prefeitura. Então, é óbvio que eles tem conhecimento. Mas os carros que aparecem à noite são carros de luxo, tem pessoas de todos os níveis sociais”, finalizou a moradora. Assista abaixo um vídeo gravado no início da manhã de desta sexta-feira (02/03).
O IB apurou que próximo das dunas, apesar da área ser de proteção ambiental, foi construída uma igreja evangélica. A obra foi liberada na gestão do ex-prefeito João Henrique após uma grande articulação de políticos.
Moradores reclamam que a unidade da PM responsável pela área não realiza ações de combate no local, porém, denúncias não foram enviadas para a Polícia Militar. Em nota o Departamento de Comunicação Social da corporação informou que “de acordo com a 39ª CIPM, até o momento não houve registro de nenhuma ocorrência desta natureza”.
Em 2018, o Conselho Comunitário de Segurança dos bairros Costa Azul, Stiep e Jardim Armação fez uma petição pública endereçada ao governador Rui Costa e ao então prefeito ACM Neto. No documento, o grupo detalha os problemas causados. Veja abaixo:
Petição sobre a falta de gestão e utilização irregular das Dunas do Costa Azul e sua nascente, tendo como reflexo:
– Degradação do meio ambiente;
– Agressão da fauna e flora com as queimadas proveniente das fogueiras promovidas por frequentes grupos invasores do areial;
– Promoção de acidentes com motociclistas e demais veículos que derrapam e muitas vezes colidem na tentativa de desviarem do volume de areia que é derramado na Av. Augusto Lopes Pontes proveniente do acesso ilegal;
– Obstrução do ponto de ônibus e dos passeios de pedestres, devido ao volume de areia que é derramado por conta do acesso ilegal na área de preservação ambiental (APA);
– Rota de fuga de marginais que cometem o delito e fogem sobre as dunas que cortam os bairros Stiep, Costa Azul e Jardim Armação;
– Obstrução da rede pluvial com o excesso de areia que é derramado na Augusto Lopes Pontes e escoado pelas chuvas, causando sérios prejuízos com as inundações das ruas principais;
– Infração da Lei de Contravenções Penais, artigo 42, perturbação do sossego. Grupos desconhecidos adentram ilegalmente o areial (APA) onde através de gritos, som alto e instrumentos musicais após às 22h, perturbam o sossego dos moradores da Av. Augusto Lopes Pontes.
Requerimento:
Intervenção do ESTADO E MUNICÍPIO sobre o fechamento e supervisão de toda Área de Preservação Ambiental localizada entre os bairros Costa Azul, Stiep e Jardim Armação, evitando a degradação da fauna, flora e nascente, tendo como ponto focal o lado do areial fronteiriço à Av. Augusto Lopes Pontes, com maior número de acidentes, obstrução de passeios e do ponto de ônibus, com acessos ilegais ás dunas que são utilizados como rota de fuga de marginais e grupos desconhecidos que perturbam com frequência o sossego da vizinhança.
Bruno Cardoso.
Conselho Comunitário de Segurança dos bairros Costa Azul, Stiep e Jardim Armação.