O Mandato Coletivo Pretas Por Salvador (PSOL) participou da reunião conjunta das comissões de Reparação e de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Salvador na última quarta-feira (02/06). Havia a convocação do empresário Teobaldo Costa, dono do Atakarejo, instituição que protagonizou o assassinato de Bruno Barros e Yan Barros, tio e sobrinho, em maio deste ano em Salvador, conforme denunciado na época pelo Informe Baiano. Porém, o empresário não compareceu.
Como diz a vereadora Laina Crisóstomo (PSOL), apesar da frustração com a ausência de Teobaldo, o encaminhamento da reunião foi positivo. Está em pauta a realização de uma audiência pública, convocando órgãos envolvidos para trazer informações sobre o caso e as assessorias jurídicas dos parlamentares vão pensar estratégicas para que seja feita justiça.
Entre falas “extremamente chocantes e comovente”, as mães dos dois negros assassinados emocionaram os parlamentares, como disse a vereadora. “Não tem como a gente não se emocionar porque a cada novo caso é um processo que reacende algo dentro de nós. É um luto que se transforma em luta. É muito assustador como essas mulheres precisam se reinventar, em meio à dor, para seguir de pé, fazendo luta pela morte dos seus filhos”, afirmou a vereadora Laina.
“Devemos pensar em uma audiência pública para esse caso, chamando, inclusive, as pessoas da sociedade civil, o Ministério Público e a Defensoria Pública e ver de que forma a gente consegue incidir da perspectiva jurídica. Não construímos essa luta sozinhos e, por isso mesmo, colocamos à disposição as advogadas do Mandato Pretas Por Salvador e me coloco, enquanto advogada, à disposição do caso para vermos de que forma podemos pensar estrategicamente, auxiliar e contribuir”, disse Laina Crisóstomo.
Racismo
A co-vereadora Cleide Coutinho falou da importância de debater sobre o racismo e o genocídio do povo negro que afetam a vida de homens e mulheres de diversas esferas. “Quando a gente toca na pauta que é sobre a vida dos nossos filhos, pessoas que integram a juventude negra, é o mesmo que tocarem uma ferida aberta. Eu tive dois filhos assassinados e sei bem o que essas mães estão passando no dia de hoje. As pessoas matam nossos filhos e nos matam aos poucos. Vivemos nessa dependência de saúde mental, precisando ser acompanhada por médicos e psicólogos e isso é um processo muito violento”, comentou.
“Sei o quão é difícil para essas mães fazer esse enfrentamento, porque não há dor que se compare à perda de um filho, independente do que eles tenham feitam. Não vamos desistir para que a justiça seja feita. É muito lamentável que Teobaldo não tenha comparecido a essa reunião. Era uma chance de a gente ouvir ele e de fazer ele ouvir as falas dessas mães”, concluiu.
Como destaca a vereadora Laina, vale lembrar que as comissões seguem fazendo uma atuação tentando incidir para que o caso seja encaminhado. Semana passada, em uma outra reunião, os parlamentares ouviram o superintendente da guarda.