A CBF vai ter que explicar à Justiça do Rio de Janeiro, em um prazo de até 48 horas, os motivos de não usar o número 24 entre os convocados para a Copa América, que é disputada no Brasil. O juiz Ricardo Cyfer, da 10ª vara cível da capital, concedeu liminar na última terça-feira ao Grupo Arco Íris de Cidadania LGBT, que listou cinco questionamentos à CBF:
1. A não inclusão do número 24 no uniforme oficial nas competições constitui uma política deliberada da interpelada?
2. Em caso negativo, qual o motivo da não inclusão do número 24 no uniforme oficial da interpelada?
3. Qual o departamento dentro da interpelada, que é responsável pela deliberação dos números no uniforme oficial da seleção?
4. Quais as pessoas e funcionários da interpelada, que integram este A que delibera sobre a definição de números no uniforme oficial?
5. Existe alguma orientação da FIFA ou da CONMEBOL sobre o registro de jogadores com o número 24 na camisa?
A seleção brasileira é a única equipe da Copa América que não usa o número 24 entre os convocados. A CBF ainda não se manifestou sobre a ação. O magistrado estipulou multa diária de R$ 800 em caso de descumprimento da decisão.
A ação do grupo foi assinada pelo advogado Carlos Nicodemos, do escritório NN Advogados Associados. O defensor lembra que a CBF “tem papel preponderante” no debate sobre o LGBTQIA+. Lembra ainda que recentemente o Superior Tribunal de Justiça Desportiva passou a punir clubes com cantos homofóbicos de torcidas nos estádios.
“É dela a responsabilidade de mudar esta cultura dentro do futebol. Quando a CBF se exime de participar, a torcida entende que é permitido, que é aceitável, e o posicionamento faz com que, aos poucos, esta cultura mude.”
O Grupo Arco-Íris também relata que o 24 é constantemente, e historicamente, relacionado com o homem gay por conta do jogo do bicho, que associa este número ao veado, animal, que por sua vez, é utilizado como forma de ofensa para a comunidade LGBTQIA+.
“Sendo assim, o fato da numeração da seleção brasileira pular o número 24, considerando a conotação histórico cultural que envolta esse número de associação aos gays, deve ser entendido como uma clara ofensa a comunidade LGBTI+ e como uma atitude homofóbica”, afirma o grupo.