Um terreiro de Candomblé, Ilê Asè Airá Tolami, na cidade de Dias D’Ávila, região metropolitana de Salvador, foi arrombado, depredado e furtado, na manhã de sábado (11/02). O imóvel fica no bairro Santa Helena.
A Polícia Militar foi acionada e esteve no local, mas ninguém foi preso. Janelas e portas foram destruídas, e eletrodomésticos, alimentos e objetos de uso pessoal foram levados pelos bandidos.
A página do Casa no Instagram relatou o caso e disse tratar “de mais um ataque”.
“Infelizmente, a família Ilê Asè Airá Tolami vem aqui não divulgar nossas festas, nosso axé, momentos felizes e louvando aos nossos ancestrais. Hoje, viemos aqui divulgar mais um caso de triste: nosso terreiro foi INVADIDO, DEPREDADO e FURTADO, por pessoas que não respeitam o nosso axé, que não respeitam sobretudo uma casa de candomblé”, denuncia.
“Estávamos na roça na quinta-feira, quando chegamos novamente no sábado encontramos essa triste surpresa. Os criminosos envolvidos nesse caso escolheram invadir, principalmente, os espaços mais sagrados, como casas de santo, roncó e barracão. Também invadiram a casa onde guardamos itens pessoais. Mas, ‘estranhamente’, não levaram os itens de maior valor. Já sabemos que não foi o furto qualquer, isso tem nome: racismo religioso”, acrescenta o terreiro.
“Por isso, estamos vindo aqui registrar e EXIGIR a prefeitura de Dias D’Ávila, ao governo do Estado e aos deputados, por SEGURANÇA nos entornos dos terreiros. Pois, não é a primeira vez que sofremos esses ataques e quem é de axé sabe a dor que a intolerância religiosa provoca. Para quem não é, saibam que nossas VIDAS estão nesses lugares, o que há de mais precioso para nós: o nosso SAGRADO”, pontua.
A Casa afirma também que agora, “diante de todo o ocorrido, estamos nos reunindo, nos fortalecendo novamente, para conseguirmos consertar todas as portas, grades, tudo que foi quebrado, e pensar em estratégias para promover a nossa segurança, mas, independente disso, esperamos de todo coração que possamos contar com quem realmente deve garantir e assegurar nossos terreiros, o poder e a segurança pública!”.
“Enfim, esse é um texto de DENÚNCIA e de REIVINDICAÇÃO por mais atenção aos terreiros e contra a intolerância religiosa. Que o axé, algum dia, possa ser cultuado como as religiões brancas. Que Oxóssi, Xangô, Tupiaçu e todos os ancestrais protejam nossa casa e afastem todo o mal. Axé!”, finaliza.
A Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid) da Polícia Civil e a delegacia da cidade vão investigar o caso.