Quatro ex-chefões de facções do Rio de Janeiro estão colhendo os frutos pela vida pregressa e foram tratados como verdadeiras celebridades em uma festa com artistas da TV Globo. São eles: Celso Rodrigues (conhecido como Celsinho da Vila Vintém), ex-chefe da facção Amigos dos Amigos; Alexander Mendes (o Polegar), ex-chefe do tráfico na Mangueira; e Nei da Conceição (o Facão) e Amabilio Gomes (o MB), ex-chefes do tráfico no Complexo da Maré.
O quarteto foi fotografado ao lado da atriz Roberta Rodrigues, que interpreta a protagonista da série “Veronika”, do Globoplay, e do diretor Silvio Guindane. O evento ocorreu no último dia 17/04, na capital fluminense.
A Globo não comentou o assunto e a presença dos ex-presidiários foi confirmada por José Junior, fundador da AfroReggae Audiovisual, que também é responsável pela produção do seriado. A imagem deles viralizou nas redes sociais.
José Junior disse que a iniciativa trata-se de uma ação de inclusão social para reinserir na sociedade pessoas que já cumpriram suas penas no sistema prisional. O coordenador da AfroReggae Audiovisual afirmou também que muitos dos ex-traficantes e ex-milicianos com que trabalham com eles são usados como fontes para a construção de roteiros, em busca de verossimilhança nas obras.
“Veronika” tem estreia prevista para 2024 e a personagem que dá nome à trama é uma advogada criminalista, moradora de favela. Ela acaba se envolvendo com o crime organizado. Também estão no elenco os atores Marcelo Serrado, Mariana Ximenes, Cissa Guimarães e Leticia Spiller.
Histórico dos criminosos
Celso Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, foi um dos fundadores e chefe da facção Amigos dos Amigos (ADA), rival do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP) no comércio ilegal de entorpecentes do Rio de Janeiro. Ele foi solto em outubro de 2022, após cumprir 20 anos de prisão.
Alexander Mendes, o Polegar, ex-chefe do tráfico na Mangueira, foi solto em julho de 2014. Em 2009, ele tinha sido beneficiado com o regime aberto após cumprir um sexto da pena de 22 anos por tráfico e associação para o tráfico. Em 2011, foi preso novamente para responder por três mandados de prisão contra ele por tráfico de drogas. Em 21 de março de 2014, a Justiça Federal de Rondônia declarou a condenação extinta. Um mês depois, foi concedido um habeas corpus a Polegar.
Indicado como um dos líderes da facção TCP (Terceiro Comando Puro), o traficante Nei da Conceição Cruz foi preso em 2003. Condenado a um total de 26 anos e 10 meses de prisão, Nei cumpriu 20 anos da pena e ganhou liberdade condicional em janeiro deste ano, com algumas obrigações, como a proibição de sair do estado e a obrigatoriedade de obter uma ocupação lícita.
Amabílio Gomes Filho, o MB, era apontado como o chefe do tráfico de drogas da comunidade Nova Holanda quando foi detido em maio de 2014 e levado ao presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Em 2017, ele teve sua transferência autorizada para um presídio do Rio de Janeiro. Ele tinha sido condenado a cinco anos de reclusão em regime semiaberto.