O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pela retirada do especial de comédia “Perturbador” do humorista Léo Lins do Youtube. No vídeo, o comediante faz piadas com escravidão, perseguição religiosa, minorias, pessoas idosas e com deficiências.
A medida cautelar acata um pedido do Ministério Público de São Paulo. Diante da decisão, Léo Lins passou a fazer uma série de postagens, nas redes sociais, com uma “contagem regressiva” para a data da remoção do conteúdo na plataforma.
“Faltam 180 minutos para abrir um precedente perigoso para a comédia, ou melhor, a arte em geral”, escreveu o comediante em uma postagem no Instagram na última terça-feira (16/05), data em que o vídeo do show de comédia saiu da plataforma.
“Este processo tem consequências absurdas” e “meu advogado já está entrando com uma defesa”, disse em outro post. A gravação do show de stand-up, segundo Léo Lins, ocorreu na cidade de Curitiba para aproximadamente 4 mil pessoas.
Fábio Porchat sai em defesa de Léo Lins
Após a resolução, Fábio Porchat criticou a escolha da Justiça. Para o humorista e apresentador, se alguém não gosta do conteúdo de Lins, é só “não assistir”. “Se a piada não incitou o ódio e a violência ela é só uma piada. Tem piada de todos os tipos, de pum e de trocadilho, ácida e bobinha. Tem piada de mau gosto? Tem também. Tem piada agressiva? Opa. Mas aí é só não assistir”, escreveu no Twitter.
Ele também afirmou que não há “problema legal” em fazer piadas com minorias. “Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo, tudo, tudo. Não gostar de uma piada não te dá o direito de impedir ela de existir. Ainda mais previamente”.
Ainda segundo Porchat, não existe “censura do bem”. “Impedir o comediante de pensar uma piada é loucura. Mesmo que você não goste desse comediante, mesmo que você despreze tudo o que ele diz, ele tem o direito de dizer. Ele tem o direito de ofender. Não existe censura do bem”.
“Se cada pessoa que se ofender com uma piada resolver tirar ela do ar não sobra um Joãozinho, um papagaio, um argentino. Pra mim democracia não é um regime pra você defender as suas ideias, mas pra quem você não concorda poder defender as delas. Não confundam “não gosto dele” com “ele não pode falar”. Não entrem nessa conversa com a emoção, entrem com a razão”, concluiu.