O Plano Safra 2023/24 está prestes a se tornar o maior da história do país, com um montante impressionante de R$ 410 bilhões. No entanto, especialistas consultados pela CNN ressaltam que os juros elevados podem comprometer a eficiência desse orçamento, especialmente no que diz respeito à equalização.
A equalização consiste em um subsídio governamental concedido aos produtores, onde o governo cobre a diferença entre a taxa de juros praticada no mercado financeiro (que varia de acordo com a Selic, atualmente em 13,75% ao ano) e a taxa efetivamente paga pelo produtor.
Valter Palmieri Jr., doutor em economia pela Unicamp e professor da Strong Business School, explica que ao oferecer taxas de juros mais baixas para o agronegócio em relação à taxa Selic, o governo acaba utilizando mais recursos públicos que poderiam ser direcionados para outras áreas, tanto sociais quanto econômicas.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), declarou à CNN que os R$ 410 bilhões atendem às demandas do setor, porém destacou que ainda são necessários esforços para garantir um valor adequado para a equalização.
“Nós, do setor, pedimos R$ 25 bilhões [para a equalização]. O governo federal está considerando algo em torno de R$ 20 bilhões, o que seria razoável e benéfico para o setor”, indicou o parlamentar.
Lupion reconhece que a atual taxa Selic de fato dificulta o cenário para o Plano Safra, mas ressalta que o patamar atual leva em consideração diversas variáveis macroeconômicas. Ele destaca que o setor “precisa da equalização para viabilizar negócios com um volume superior a R$ 400 bilhões”.
Leonardo Trevisan, professor de Economia da ESPM, destaca que as altas taxas de juros afetam a economia como um todo e todas as etapas da atividade agrícola. Ele enfatiza que no setor agrícola, isso tem impacto desde o financiamento dos processos de produção até a exportação final, tornando a Selic vital para a viabilidade do agronegócio.
Se as cifras forem oficializadas, o Plano Safra 2023/2024 terá o maior valor já registrado para esse instrumento de crédito. Na versão anterior (2022/23), foram destinados R$ 340 bilhões ao setor em todas as linhas.
“O agronegócio tem representado um equilíbrio, não apenas nas contas externas, mas também um forte impulso para a atividade econômica. Quando atendemos o setor com um Plano Safra, estamos medindo o quanto o Brasil vai crescer neste ano. Essa é a escolha”, ressalta Leonardo Trevisan.