A disputa pela sucessão em Feira vai do modesto Alecrim Miúdo ao luxo de Paris

“Vamos morena, vamos
Vamos bater um papo
A cobra que não anda
Não engole sapo”
(Cobra que não anda, de
Zé Trindade e Walter Levita)

Duas fotografias que circularam isoladamente nas redes sociais durante o feriadão de São João retratam com perfeição, quando juntas, o momento atual da disputa pela sucessão do prefeito Colbert Martins (MDB), em Feira de Santana.

A primeira foto mostra o deputado federal Zé Neto (PT) com a mulher Naiana e as filhas Maria e Luiza ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja, todos muito elegantes. Foi feita em Paris, onde Lula chegou na quinta, 22, para participar da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global organizada pelo presidente francês Emmanuel Macron, retornando ao Brasil no sábado, 24, a tempo de comer a canjica e beber o licor de São João.

A assessoria do deputado divulgou a foto acompanhada de um texto informando que ele se reunira com o presidente da República em Paris para discutir, entre outros assuntos, alguns projetos e ações do governo federal para Feira de Santana.

Bobagem, foi apenas um rápido encontro para a foto, no lobby do Hotel Intercontinental Paris – Le Grand, um luxuoso cinco estrelas onde Lula e Janja se hospedaram e em cujo prédio funciona também, desde 1862, o famoso Café de La Paix, o preferido dos escritores Emile Zola e Guy de Maupassant. Uma curiosidade: ao fundo da foto vê-se um cartaz da exposição sobre Sarah Bernhardt, que fica aberta até o final de agosto no Petit Palais, ali pertinho.

Zé Neto, por sua vez, deixou a França e seguiu para a Itália com a família, em viagem de turismo. Em Roma, ele visitou a famosa Fontana di Trevi, onde certamente fez um desejo e atirou uma moeda na água, como é costume dos turistas – ganha uma excursão à velha caixa d’água do Tomba quem adivinhar o querer que dominou o pensamento do deputado naquele inesquecível momento.

- A disputa pela sucessão em Feira vai do modesto Alecrim Miúdo ao luxo de Paris
Foto: redes sociais

Já a segunda foto, menos impactante em cores e elementos que a primeira, mostra o ex-prefeito Zé Ronaldo, com trajes mais despojados, posando com moradores do Alecrim Miúdo, comunidade quilombola no Distrito da Matinha – apenas mais uma da maratona de visitas que ele realizou pelo município durante o feriadão de São João.

Não resta dúvida: as duas fotos mostram os dois em campanha, cada qual a seu modo.

Zé Neto, já proclamado pré-candidato a prefeito pelo diretório municipal do PT, vai disputar o posto pela sexta vez e, como nas anteriores, terá o apoio de Lula como seu principal trunfo – daí a importância da foto, mesmo que feita alhures, 8 mil quilômetros distante de Feira.

Ele jura que das cinco eleições de prefeito que disputou algumas foram contra a vontade. Não queria, mas acabou obrigado pelo partido a ser candidato. Dessa vez, porém, está como nunca querendo ser e acha que, com a ajuda de Lula, agora vai.

Já Zé Ronaldo sequer declarou que será candidato. Mas age como tal. Não com espalhafato, mas do jeito que o fez ganhar quatro eleições de prefeito (três delas contra Zé Neto): correndo trecho como quem não quer nada, conversando com os eleitores, sobretudo os habitantes da Feira profunda, moradores dos bairros periféricos e da zona rural, angariando apoios, amarrando votos. Como das outras vezes, não solta foguetes, preferindo esse trabalho de formiguinha em silêncio.

Os dois vão liderar a disputa. Não haverá espaço para a chamada terceira via. Em primeiro lugar porque as eleições municipais em Feira de Santana, desde meados do século passado, sempre foram polarizadas, entre dois blocos. A única exceção, nesse período, foi em 1992, que começou polarizada entre Luciano Ribeiro (PMDB) e José Falcão (PDS), mas o vencedor acabou sendo o ex-governador João Durval (PMN, na época).

Em segundo lugar porque a tendência observada até agora em todo o país é que a pauta nacional acabará dominando as próximas eleições municipais nas grandes e médias cidades e novamente se estabelecerá uma polarização entre petistas e antipetistas, com pouco espaço para terceira via.

Ainda faltam 16 meses para as eleições, cujo primeiro turno será em 6 de outubro de 2024, mas ambas as fotos revelam que dois dos prováveis candidatos já estão se movimentando.

Afinal, como diz a antiga marchinha carnavalesca, cantada por Zé Trindade no filme Entrei de gaiato (1959), “cobra que não anda, não engole sapo”.

José Carlos Teixeira
É jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador

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