Homem considerado um dos líderes mais influentes do Primeiro Comando da Capital (PCC), José Cláudio Arantes, também conhecido como “Tio Arantes”, foi entregue à Polícia Federal (PF) em Corumbá pela polícia boliviana. Ao lado dele, Dominik Mariano Pereira, identificado como membro ativo do Comando Vermelho, uma facção rival ao PCC, também foi preso na Bolívia no dia 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil. Além de suas rivalidades no mundo do crime organizado, as prisões e histórias dos dois criminosos brasileiros apresentam algumas semelhanças notáveis.
Semelhante a José Cláudio Arantes, que estava vivendo na Bolívia sob o nome de Raildo Teixeira da Silva, Dominik também utilizava documentos falsos, utilizando o nome Patrício de Araujo Emilson.
Dominik era um fugitivo procurado pela justiça brasileira em nível internacional, com um alerta vermelho da Interpol. Suas acusações no Brasil incluíam homicídio, vilipêndio de cadáver, roubo e corrupção de menores, entre outras.
Outra coincidência em suas biografias é o envolvimento dos dois em roubos a bancos. José Cláudio Arantes é apontado como o líder do assalto cinematográfico aos caixas eletrônicos do Banco do Brasil localizados no Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande, no mês de outubro de 2017. O roubo envolveu uma logística complexa, incluindo troca de veículos, uso de pregos nas ruas próximas ao parque como “armadilhas” e uma técnica de explosão que causasse menos danos às cédulas de dinheiro.
Por sua vez, Dominik já estava sendo procurado pela justiça do Rio de Janeiro quando participou de uma tentativa de roubo a caixa eletrônico na cidade de Cobija, no departamento de Pando, na Bolívia, em julho de 2019. Câmeras de segurança registraram o momento em que os criminosos colocaram explosivos no equipamento e se afastaram. Como a explosão demorou a acontecer, um deles retornou ao local no momento da explosão. Esse indivíduo ficou ferido e os outros criminosos, incluindo o brasileiro Dominik, fugiram sem levar o dinheiro.
José Cláudio Arantes estava sendo procurado em todo o mundo após sua fuga da Colônia Penal Agroindustrial da Gameleira, uma unidade de cumprimento de penas no regime semiaberto na capital do Mato Grosso do Sul, em novembro de 2021. Sua prisão ocorreu por volta das 18h30 de quarta-feira, dia 6, pelas autoridades bolivianas, embora só tenha sido divulgada na quinta-feira (7). Na tarde do mesmo dia, uma foto de “Tio Arantes” segurando uma placa com a data da prisão começou a circular entre os policiais de Mato Grosso do Sul. No entanto, as autoridades brasileiras ainda não haviam sido formalmente informadas da captura. Dois mandados de prisão contra o criminoso ainda constavam como “pendentes de cumprimento” no banco de mandados de prisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Brasil.
José Cláudio Arantes, membro do PCC, foi entregue às autoridades brasileiras na sexta-feira ao meio-dia, por policiais da FELCC (Fuerza Especial de Lucha contra El Crimen) e da Interpol, na cidade de Puerto Quijarro, localizada na fronteira com Corumbá, no Mato Grosso do Sul.