Os policiais militares mortos durante uma ocorrência desastrosa, na noite de quarta-feira (27/09), no bairro da Santa Mônica, limite com o IAPI, tinham em comum não somente o sobrenome e o nome de guerra. Marcelo e Anderson Santana realizavam trabalhos sociais com crianças em seus respectivos bairros.
O Informe Baiano mantinha relações cordiais com os dois soldados. Ambos eram cidadãos de bem e exerciam as funções com seriedade.
Marcelo era professor de Karatê e morava na região de São Marcos/Pau da Lima, onde realizava projetos sociais com crianças. Ele utilizava a arte marcial como ferramenta para não deixar os jovens serem aliciados pelo crime organizado. O trabalhador deixa dois filhos adultos e uma neta de aproximadamente cinco anos, seu xodó.
O agente entrou para a Polícia Militar em 2008, sempre atuando em unidades especializadas, a exemplo da COPPA e do TOR. Posteriormente, foi transferido para a então Operação Gêmeos, onde era lotado.
“Sempre foi policial bom, colava com os colegas, era querido por oficiais e praças. Foi menino de rua, passou por muitas dificuldades. A arte marcial salvou ele. Tinha um excelente relacionamento com a Polícia antes mesmo de ser policial”, relatou ao IB um amigo da vítima.
Já Anderson, 43 anos, iniciou sua carreira militar um ano depois, em 2009, inicialmente na Cavalaria. Logos depois foi transferido para 47a CIPM/Pau da Lima. Em seguida, foi transferido para o Batalhão de Guarda, onde trabalhava em posto do Tribunal de Justiça no bairro do Sieiro.
O militar morava no bairro da Santa Mônica, próximo do local da fatalidade. Ele deixa uma filha adulta, curiosamente, de prenome Marcela. Portanto, a jovem é xará do colega de farda morto na mesma ocorrência.
Outra coincidência é que, assim como Marcelo, Anderson fazia trabalhos sociais com crianças e adolescentes. Ele ajudava o seu amigo e vereador, Sandro Bahiense, na distribuição de cestas básicas, materiais esportivos e brinquedos. Além disso, ajudava nas ‘vigílias’ das igrejas da região da Liberdade e encaminhava jovens para escolinhas de futebol.
“Ele pedia as empresas para fazer doação de materiais esportivos. Quando alguém precisava de médico, ele ligava para o vereador. Gostava de trabalhar e tirar serviço dos colegas. No final de semana ele estava sempre trabalhando. Era uma pessoa formidável, todo mundo amava”, relatou um familiar ao IB.
O enterro dos policiais acontece, entre 16h30 e 17h, no Cemitério Bosque da Paz.
A Polícia Militar lamentou profundamente o falecimento de dois integrantes da corporação e disse que um “inquérito será instaurado e as circunstâncias do ocorrido serão apuradas. Neste momento, a Polícia Militar acompanha e presta todo apoio às famílias dos policiais militares através do Departamento de Promoção Social (DPS) da Corporação”.