Em apenas um ano, um senador utilizou verba para pagar tanta gasolina que daria para dar a volta na terra cinco vezes ou cruzar o Brasil, do Oiapoque, no Amapá, ao Chuí, no rio Grande do Sul, cerca de 45 vezes. O levantamento foi feito pelo Metrópoles.
As contas são referentes as despesas dos últimos 12 meses do o senador paulista Alexandre Giordano (MDB). Foram R$ 145,4 mil da cota parlamentar do Senado para abastecer quase 25 mil litros de combustível em postos de gasolina de São Paulo.
Os dados foram obtidos da prestação de contas do parlamentar no Portal da Transparência do Senado e considerou o preço médio do litro da gasolina de R$ 5,87, registrado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na segunda semana de maio, e um consumo de 10 km por litro.
As contas apontam que os valores foram gastos em 21 postos de gasolina diferentes. A maior parte, R$ 69 mil, foi no Auto Posto Mirante, na zona norte de São Paulo, base eleitoral de Giordano. Já R$ 66 mil foram pagos ao Auto Posto Irmãos Miguel, estabelecimento da cidade de Morungaba, distante cerca de 480 quilômetros da capital.
Os gastos do senador paulista com gasolina, pagos pelo Senado, já motivaram uma representação ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), que remeteu a apuração à Procuradoria-Geral da República (PGR) por causa do foro privilegiado de Giordano no Supremo Tribunal Federal (STF).
Um conjunto de notas fiscais feitas em um único dia corresponderam a 507,61 litros de gasolina e 188,67 litros de diesel, respectivamente, o que daria para encher o tanque de 12 carros.
Em ofício ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, o político argumentou que os pagamentos “não se trata de abastecimento único”, e sim gastos com combustível de “veículos relacionados ao mandato” de Giordano e durante a “atividade parlamentar” no estado “ao longo de 15 dias”.
A PGR considerou que os gastos estavam dentro dos limites mensais de despesa com combustíveis dos gabinetes dos senadores, que é de R$ 15 mil mensais e recomendou o arquivamento do caso em 18 de março. No mês passado, a ministra Cármen Lúcia, do STF, mandou arquivar um processo contra o senador.
Em junho do ano passado, outro levantamento feito pelo Metrópoles, sobre os gastos do senador com alimentação, apontou que Giordano usou recursos públicos para despesas como a compra de casquinhas de camarão e filé de cambucu servidos em restaurantes com vista para o mar em Ubatuba, no litoral, além de almoços em churrascarias com 21 cortes de carne e tiramisù de sobremesa. Na época, ele não quis se manifestar sobre as despesas.