A italiana Angela Carini abandonou a luta contra a argelina Imane Khelif, que foi autorizada a competir nas Olimpíadas, mesmo após ser reprovada em teste de gênero. O combate demorou apenas 46 segundos. A atleta revelou que sentiu uma dor intensa no nariz após sofrer um golpe. As duas atuam pela categoria até 66kg.
Carini disse que o abandono não teve nada a ver com a situação envolvendo a Imane Khelif, que foi reprovada no teste de gênero. Esse teste revela que cientificamente aquele corpo tem mais cromossomos masculinos. Ou seja, não deveria disputar na modalidade feminina.
”Eu não perdi hoje, apenas fiz meu trabalho como lutadora. Entrei no ringue, lutei e não consegui. Saio de cabeça erguida e com o coração partido. Sempre fui muito instintiva. Quando sinto que algo não está certo, não é desistir, é ter a maturidade de parar”, afirmou a italiana.
Imane Khelif não é a única boxeadora envolvida na mesma polêmica. A taiwanesa Lin Yu-ting também falhou em testes de gênero, mas foi autorizada a competir em Paris 2024. Ele estreia na sexta-feira (02/08), na categoria até 57kg.
Em 2023, no campeonato mundial de boxe realizado em Nova Delhi, na Índia, Imane Khelif e Lin Yu-ting foram desclassificadas pela Associação Internacional de Boxe (IBA). O presidente Igor Kremlev disse à agência de notícias russa Tass que testes de DNA revelaram as pugilistas com “cromossomos XY”. Com isso, elas foram “excluídas dos eventos esportivos”. Ele acrescentou que “várias atletas que tentaram enganar as colegas e se fingir de mulheres”.
A situação causou ainda mais polêmica após o COI banir a IBA do circuito olímpico por falhas recorrentes em integridade e transparência na governança da associação, acusada de manipulação de resultados e corrupção.
A IBA estava suspensa pelo COI desde 26 de junho de 2019 e não pôde organizar o torneio de boxe das Olimpíadas de Tóquio, administrado por uma força-tarefa do COI, que chegou a ameaçar tirar a modalidade de Paris. Apesar do banimento, decidido em assembleia da entidade em junho, o boxe continuou sendo disputado na edição deste ano.
Conforme o jornal britânico The Guardian, o próprio sistema oficial do COI informa que Imane e Lin foram desclassificadas em testes de gênero no ano passado. Nesse sistema, consta que Khelif foi “desclassificada poucas horas antes de seu confronto pela medalha de ouro contra Yang Liu no Campeonato Mundial de 2023 em Nova Delhi, na Índia, depois que seus níveis elevados de testosterona não atenderam aos critérios de elegibilidade”. Já em relação a Yu-ting consta que a taiwanesa “perdeu sua medalha de bronze após não cumprir os requisitos de elegibilidade com base nos resultados de um teste bioquímico”.
As duas foram autorizadas pelo COI a participar das Olimpíadas de Paris, também organizadas pela próprio entidade, com regras de elegibilidade consideradas menos rígidas do que as da IBA.
