Em entrevista ao Informe Baiano nesta segunda (28/08), dia em que completa 70 anos de idade, o senador Otto Alencar defendeu a revogação do decreto em que Michel Temer (PMDB) extingue uma área de reserva na Amazônia para ampliar a exploração mineral. A publicação do presidente no Diário Oficial ocorreu na quinta-feira (24). O líder do PSD baiano afirmou ainda que assinou com o senador Randolfo Rodrigues a medida, que “vai tramitar no Senado”.
“É uma agressão contra a natureza, que você não pode imaginar o que seja. Vai entrar, inclusive, em áreas indígenas preservadas. A Amazônia, infelizmente, vai ter o mesmo destino da Mata Atlântica, que acabaram aqui na Bahia. A Mata Atlântica hoje aqui tem o que? Oito por cento. Aqui na Bahia está tendo uma recomposição, mas nos outros Estados, não. Foi destruição completa. A Amazônia está indo pelo mesmo caminho. Absurdo, você está perdendo um Sergipe por ano”, criticou.
A reserva tem 46.450 km², tamanho equivalente ao do Estado do Espírito Santo, e está na divisa entre Pará e Amapá. Estão localizadas na Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados) partes de três unidades de conservação (UC) de proteção integral, de quatro unidades de conservação de uso sustentável (uma delas na qual a mineração era permitida a partir de um plano de manejo) e de duas terras indígenas.
Otto acredita que a medida ocorre porque, para se manter no poder, Temer “assumiu esse compromisso com a bancada da mineração, com a frente ruralista e aí a pressão vem em cima dele”.
“Quanto mais frágil tiver o presidente, mas forte estará o Congresso Nacional. Você ver agora que o presidente tem 94% de rejeição. Na história política do Brasil, nunca um presidente foi tão forte na Câmara e no Senado. No Senado, são 21 senadores que fazem oposição, inclusive eu. E são 60 que apoiam o Governo. Na Câmara, ele teve uma votação expressiva agora aí. É um contrassenso. Está tão frágil com o povo e tão forte nas duas Casas. Isso define o que é a política hoje. É a política que é dando que se recebe. Ele deu tudo que pediram para se manter no poder. E outra coisa, Dilma também deu tudo, mas só que ela não conseguiu ficar”, finalizou Otto.