O cenário encontrado em duas pedreiras no município de Jacobina, no norte da Bahia, remete a tempos que deveriam estar enterrados na história. Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 91 trabalhadores submetidos a condições degradantes e perigosas, que configuram trabalho associado à escravidão.
De acordo com a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), os operários atuavam na extração manual de arenito, utilizado em calçamentos urbanos. A rotina envolvia jornadas intensas sob sol escaldante, chuva e ventos fortes, sem qualquer tipo de proteção ou estrutura básica.
Sem equipamentos adequados, muitos trabalhavam de chinelo ou com calçados rasgados, sem luvas, óculos ou qualquer proteção auditiva — mesmo diante do barulho ensurdecedor das marretas e picaretas. Cortes, hematomas e marcas antigas de acidentes visíveis nos corpos dos trabalhadores evidenciavam a exposição constante ao risco.
Ainda mais alarmante foi o ambiente onde viviam. Sem acesso a água potável, instalações sanitárias ou abrigo digno, os trabalhadores improvisaram barracos com pedras e lonas, onde dormiam, preparavam alimentos em fogareiros rudimentares e armazenavam as ferramentas usadas na lida diária. Em muitos casos, optavam por pernoitar nesses locais como tentativa de economizar no transporte ou aumentar a produção — uma escolha forçada por pura necessidade.
As autoridades seguem com a apuração dos responsáveis pela exploração, e os trabalhadores resgatados devem ser incluídos em programas de assistência social e reinserção no mercado de trabalho formal.