O tenente da Polícia Militar de São Paulo Fernando Genauro da Silva, apontado como cúmplice no assassinato de Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), comprou uma McLaren — veículo esportivo de luxo — avaliada em R$ 2,2 milhões, meses após o crime.
O modelo de luxo — uma 570S Spider 3.8 Bi Turbo, fabricada em 2019 — teria sido adquirido em 11 parcelas de R$ 200 mil. “Fiz merda e não foi cocô”, escreveu Genauro a um amigo. “Não resisti”, completou.

A transação milionária foi identificada durante o Inquérito Policial Militar (IPM), que indiciou o tenente e outros 15 policiais pelo envolvimento direto na execução de Gritzbach, ocorrida em 8 de novembro de 2024, no Aeroporto de Guarulhos.
Crime, ostentação e rastros digitais
Segundo a investigação, o carro teria valor de mercado ainda maior, chegando a ultrapassar R$ 2,8 milhões na tabela Fipe. A compra foi feita via Blessed Intermediações, em nome da empresa A11 Holding LTDA, ligada a Thiago Rios Cirullo — que negou qualquer ligação com o policial. Posteriormente, o carro foi transferido para a Prime Veículos Premium LTDA.

Imagens encontradas no celular de Genauro mostram maços de dinheiro, relógios de luxo e um estojo com acessórios de alto padrão. Ele também comprou um iPhone 15 Pro Max por R$ 8 mil um dia após o assassinato. Entre os itens adquiridos estão ainda um óculos Juliet 24k por R$ 6 mil e um kit de relógios de grife.

As autoridades suspeitam que o pagamento pelo crime foi feito em criptomoedas e dinheiro vivo. Prints com cotações de moedas digitais reforçam essa linha investigativa, embora os valores exatos não tenham sido localizados.
Envolvimento direto
A polícia afirma que Genauro era o motorista do Gol usado na ação. Além de registros telefônicos, imagens de câmeras e contradições nos depoimentos, roupas semelhantes às usadas pelos criminosos foram encontradas na residência do tenente. A forma de caminhar dele também coincide com a do motorista flagrado pelas câmeras no dia do crime.
No momento em que Gritzbach desembarcava no aeroporto, Genauro teria ligado para PMs que faziam sua segurança, confirmando a chegada do alvo. Essa ligação foi determinante para reforçar a participação dele na execução.
Silêncio rompido e acerto de contas
Gritzbach foi executado com dez tiros de fuzil. Ex-corretores de imóveis, ele havia firmado delação premiada com o Ministério Público de São Paulo e prometia entregar nomes da cúpula da facção na zona leste da capital.
Antes de virar alvo do PCC, ele foi acusado de desviar milhões da facção e de ordenar o assassinato do traficante Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”. Os mandantes da execução foram identificados como João Congorra Castilho, o “Cigarreio”, e Diego Santos Alves, o “Didi”.
Prisão e processos
Preso desde 18 de janeiro, Genauro responde por organização criminosa na Justiça Militar e por homicídio qualificado na Justiça comum. O IPM destacou ainda o uso de SMS pelos acusados, como forma de dificultar o rastreamento das comunicações. Todos os envolvidos trocaram de aparelho celular nos dias seguintes ao assassinato.