O Governo Federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), lançou o Programa Bolsa Futuro Digital, para formação de 10 mil jovens e adultos na área de tecnologia da informação nos próximos 24 meses. Os cursos são gratuitos e presenciais e as inscrições já estão abertas.
A iniciativa é voltada a pessoas sem conhecimento prévio em tecnologia, mas com interesse em iniciar uma carreira na área de desenvolvimento Front-end (parte visual de sites) ou Back-end (parte interna e lógica de um site). A formação de programadores iniciantes é voltada a estudantes da rede pública e começa com 5 mil vagas distribuídas em 12 estados e no Distrito Federal.
O programa é uma ação do Conecta e Capacita, política pública do MCTI voltada à formação tecnológica e será financiado com recursos dos Programas e Projetos Prioritários de Interesse Nacional (PPIs) da Lei de Informática, num total de R$ 54,5 milhões. O objetivo é formar profissionais prontos para ingressar no mercado de trabalho, com trilhas em Desenvolvimento Front-end e Desenvolvimento Back-end, certificação e até mesmo uma experiência de trabalho real, por meio de uma residência tecnológica em empresas parceiras.
ETAPAS — Nesta primeira etapa, serão ofertadas 5 mil vagas, em 12 estados e no Distrito Federal, com prioridade para estudantes da rede pública. Daqui a seis meses, mais 5 mil vagas serão disponibilizadas, ampliando o alcance da ação. Além da formação, os participantes contarão com apoio financeiro mensal durante o curso. Está previsto, ainda, uma nova etapa com outras 5 mil vagas abertas daqui a seis meses, ampliando o alcance do programa.
“O Bolsa Futuro Digital não é apenas mais um programa de capacitação, é um passo estratégico para preparar nossos jovens para os empregos que farão a diferença nos próximos anos no setor que não para de crescer, e que vai definir os rumos do nosso desenvolvimento”, afirmou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, durante a cerimônia de lançamento do Bolsa Futuro Digital, em Brasília (DF).
PARTICIPAÇÃO FEMININA — Luciana Santos afirmou que 50% das vagas do programa serão destinadas a mulheres, como parte do compromisso do MCTI com a inclusão e a igualdade de gênero.“Precisamos oferecer esperança e perspectiva a essa juventude. Como primeira ministra mulher na história do MCTI, tenho o dever de promover políticas públicas de inclusão feminina”, reforçou a ministra.
COMO SERÁ O CURSO — O treinamento tem duração de 9 meses, divididos em duas fases. A primeira, de formação técnica, terá duração de seis meses, com aulas presenciais duas vezes por semana e três horas por sessão (totalizando 144 horas presenciais). Também contará com conteúdo complementar online de 56 horas, com apoio das entidades executoras. Os estudantes receberão uma bolsa de estudos nesta primeira fase de R$ 100 mensais nos 3 primeiros meses e de R$ 200 mensais nos três meses finais.
A segunda fase será de residência tecnológica, com duração de três meses. Os participantes com melhor desempenho poderão participar de uma residência em empresas parceiras, com acompanhamento técnico e bolsa de R$ 600 ao mês.
METODOLOGIAS — O curso adota metodologias modernas como Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL) e Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom), estimulando a prática e a resolução de problemas reais.
PROCESSO DE SELEÇÃO — O processo seletivo contará com teste de raciocínio lógico e o envio de vídeo demonstrando interesse e motivação para cursar a formação e/ou teste automático de Fit Cultural. A matrícula será feita mediante apresentação de documento com foto, conforme orientação da entidade executora local.
TRILHAS — Os candidatos podem escolher uma das duas trilhas de formação:
Desenvolvedor Front-end: foco em interfaces, design, interatividade e experiência do usuário, com conteúdos como HTML, CSS/SASS, JavaScript, React e noções de UX.
Desenvolvedor Back-end: voltado à lógica, servidores e bancos de dados, com aulas sobre JavaScript, Python ou Ruby, orientação a objetos, WebServices e modelagem de dados.
FORMAÇÃO EM TECNOLOGIA — Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o Brasil forma 46 mil profissionais de tecnologia por ano, mas a demanda é de cerca de 70 mil. A remuneração no setor pode ser até três vezes maior que a média nacional. Esse cenário contrasta com os 21,2% de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham — mais de 45% deles são mulheres pretas ou pardas.
PPIs DA LEI DE INFORMÁTICA — Os PPIs são instrumentos criados no âmbito da Lei de Informática (Lei nº 8.248/1991) para promover a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação (PD&I) no setor de tecnologias da informação e comunicação (TICs). Empresas beneficiadas por incentivos fiscais da Lei podem aplicar recursos em PPIs como forma de cumprir suas contrapartidas legais de investimento em PD&I.
Desde 2018, com a atualização da legislação, os PPIs passaram a permitir que as empresas cumpram integralmente essas obrigações, incluindo investimentos exigidos no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e em convênios com universidades e institutos de pesquisa.
A gestão dos recursos é feita de acordo com regulamentos específicos do MCTI, e os projetos devem ser aprovados pelo Comitê da Área de Tecnologia da Informação (CATI). Hoje, os PPIs são uma das principais fontes de financiamento público para capacitação e inovação tecnológica no país.
EXECUÇÃO DO PROGRAMA — A execução do Programa Bolsa Futuro Digital será feita por três entidades, ICTs Executoras de projetos do PPI: o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CEPEDI), a SOFTEX Pernambuco e o H.BR, sob coordenação da SOFTEX.
O assessor especial do MCTI, Marcelino Granja, destacou o protagonismo das instituições de ensino e das entidades executoras na construção coletiva do programa. “Essa engrenagem só funciona porque temos uma rede comprometida em todo o país. É um esforço de muitos, espalhados por diferentes estados, mas com um objetivo comum: dar oportunidade e dignidade à juventude trabalhadora brasileira”, afirmou.
A reitora do Instituto Federal de Brasília (IFB), Veruska Massukado, destacou a importância do programa como resultado de um esforço coletivo entre instituições públicas e privadas. “Esse projeto une dois elementos essenciais para a dignidade do povo brasileiro: formação profissional de qualidade e empregabilidade”, disse.
O objetivo do programa para os jovens, especialmente para aqueles que buscam uma inserção rápida e qualificada no mercado de tecnologia, foi destacado pelo presidente da SOFTEX, Ruben Delgado. “Mais do que formar programadores, essa iniciativa significa abrir portas para jovens de diferentes realidades, oferecendo uma capacitação acelerada e alinhada com as necessidades do mercado. É um passo fundamental para democratizar o acesso às tecnologias”, destacou.