O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), voltou a levantar dúvidas sobre a verdadeira causa da morte do presidenciável, ocorrida na queda de um avião em Santos (SP), em agosto de 2014, durante a campanha eleitoral.
Em entrevista ao jornalista Magno Martins, da Folha de Pernambuco, nesta quinta-feira (29/05), Antônio reafirmou que existem “fortes indícios de assassinato” e defendeu uma investigação mais profunda sobre o acidente.
“O acidente com o avião tem a ver com esse entorno e com esse contexto, que o tempo revelará. Foi um assassinato! Mexeram numa peça do avião, o que seria de difícil prova, métodos muito utilizados por profissionais do crime”, afirmou.
A declaração ocorre após uma entrevista bombástica do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que revelou que a então presidente Dilma Rousseff (PT), adversária de Eduardo na eleição, teria usado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar o ex-governador.
Siqueira relembrou as dificuldades enfrentadas na pré-candidatura e afirmou que Eduardo sofreu ameaças, boicotes e até interferência direta do governo federal, com agentes da Abin sendo deslocados para acompanhar de perto suas movimentações.
Antônio Campos foi além, afirmando que a perseguição não se limitou a Eduardo, mas também atingiu seus familiares, incluindo ele próprio. Segundo o advogado, havia uma operação combinando estrutura de inteligência e atuação da mídia, que tentava desgastar a imagem do então governador pernambucano.
“Colocaram a vida de Eduardo, a minha e de alguns familiares de cabeça para baixo. Havia uma pergunta clássica: ‘Qual o defeito do seu irmão?’. Eu respondia: ‘Ele não tem defeito’”, relatou.
O advogado revelou que ainda está em tramitação uma ação de produção de provas na 4ª Vara Federal de Santos, sob o número 5001663-02.2017.4.03.6104, movida por ele e sua mãe. O objetivo é apurar se houve sabotagem no avião.
Segundo laudos técnicos anexados ao processo, há indícios de que uma peça do avião pode ter sido manipulada, causando o fenômeno conhecido como “pitch down”, que leva a uma queda abrupta da aeronave.
Antônio também chamou atenção ao fato de ter usado informações provenientes de cartas mediúnicas atribuídas a Eduardo Campos, nas quais o ex-governador supostamente alerta sobre “falsos amigos” e “traidores”, além de indicar que sua morte não teria sido acidental.
Apesar do inquérito ter sido desarquivado em setembro de 2023, a Justiça Federal decidiu arquivá-lo novamente em abril de 2024, após parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que concluiu não haver elementos novos para reabertura.
“JAMAIS DESISTIREMOS”
“Jamais desistiremos de elucidar e provar a real causa da morte de Eduardo Campos. Esse compromisso tenho, como único irmão, nem que pague com a minha vida. Já sofri ameaças. Ora, um verdadeiro Campos/Arraes só morre no campo de batalha e não tem rendição”, declarou Antônio em tom firme.
As declarações trouxeram o assunto novamente ao centro dos debates políticos e jurídicos, reacendendo teorias, suspeitas e questionamentos que há mais de uma década cercam a morte de Eduardo Campos e os bastidores da eleição de 2014.
Até o momento, nem Dilma Rousseff nem representantes do PT se manifestaram sobre as declarações.