Quatro pessoas foram condenadas por tentar obstruir as investigações de uma organização criminosa com atuação em Feira de Santana, no centro-norte da Bahia. A sentença foi proferida ontem (15), após denúncia do Ministério Público do Estado (MPBA), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco). Os réus foram alvos da Operação Patrocínio Indigno, deflagrada em novembro de 2024. Eles ainda podem recorrer da decisão.
Segundo o MP, os crimes ocorreram nos dias 7 e 8 de dezembro de 2023, logo após a deflagração da Operação El Patrón, que apurou crimes como lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada. A partir da análise do celular de uma das investigadas, Ioná Santos Silva, foi descoberto que ela e os demais condenados tentaram destruir provas importantes para a investigação.
O advogado Iggo César da Silva Barbosa entregou seu celular ao também réu Jackson Macedo Araújo Júnior, que digitou login e senha da conta do profissional. As credenciais foram repassadas a Ioná, que tentou apagar os dados remotamente. Sem sucesso, ela pediu ajuda ao réu Filipe dos Anjos Santana, especialista em tecnologia da informação. As mensagens entre eles, extraídas do celular de Ioná, comprovaram a tentativa de apagar provas.
Pelas condutas, Iggo César foi condenado a quatro anos e dez meses de prisão e 116 dias-multa, em regime semiaberto. Jackson Macedo recebeu pena de quatro anos, um mês e 15 dias de prisão, além de 100 dias-multa, também em regime semiaberto. Ioná foi condenada a três anos e nove meses de prisão e 100 dias-multa, com cumprimento em regime aberto. Já Filipe Santana recebeu penas restritivas de direitos.
Além das penas individuais, a Justiça determinou que os quatro réus paguem, de forma solidária, R$ 100 mil como indenização por danos morais coletivos, valor que será corrigido. A decisão aponta “grave ofensa” contra as instituições públicas pela tentativa de comprometer uma investigação oficial, com prejuízo à imagem da Polícia Federal e do sistema de Justiça.
A Operação Patrocínio Indigno é um desdobramento da Operação El Patrón, que, em dezembro de 2023, desarticulou uma quadrilha envolvida com lavagem de dinheiro, agiotagem e receptação. A força-tarefa envolveu o MPBA (Gaeco), Polícia Federal, Receita Federal e Secretaria da Segurança Pública, por meio da Força Correcional Especial Integrada da Corregedoria-Geral (Force).