Os advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso foram presos nesta terça-feira (17), em São Carlos (SP), acusados de serem os mandantes dos assassinatos dos empresários José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, de 61. O casal foi encontrado morto no dia 6 de abril, em uma chácara na Serra de São Pedro. Segundo a Polícia Civil, os crimes foram motivados por interesses financeiros.
As investigações apontam que os advogados, que tinham vínculo profissional com as vítimas há mais de dez anos, falsificaram documentos para tomar posse de cerca de R$ 12 milhões em imóveis e mais de R$ 2,8 milhões em valores que seriam relativos a custos processuais. Para sustentar o golpe, teriam forjado comprovantes de pagamento e até criado uma ação judicial fictícia. Com os bens sob controle, contrataram os executores do homicídio.
Na manhã desta terça, além do casal de advogados, dois homens suspeitos de terem cometido o crime também foram presos — um em São Carlos e outro na Praia Grande. Os nomes deles ainda não foram divulgados. As prisões ocorreram durante a operação Jogo Duplo, conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba. Uma coletiva sobre o caso foi marcada para as 15h, no Deic.
Segundo familiares, a relação entre os empresários e os advogados era antiga e baseada na prestação de serviços jurídicos. O escritório do casal funciona desde 2007 em São Carlos, com atuação nas áreas cível, imobiliária, trabalhista, tributária e de defesa do consumidor. Apenas o currículo de Hércules é divulgado no site da banca, onde ele é apresentado como especialista em Ciências Criminais pela USP. Ambos têm registro ativo na OAB.
Além do escritório de advocacia, o casal também é vinculado a uma microempresa do setor de paisagismo, aberta em 2016. Em agosto de 2022, Fernanda Barroso chegou a ser incluída como sócia em uma das empresas do casal assassinado, no ramo imobiliário.
O crime
O assassinato do casal chocou os moradores de São Pedro. Os corpos foram descobertos por um comerciante da região, que avistou uma das vítimas dentro de uma caminhonete Fiat Toro, estacionada em uma chácara frequentada pelos empresários. Ao chegarem ao local, policiais militares encontraram José Eduardo com as mãos amarradas. O corpo de Rosana estava na caçamba do veículo. Ambos já estavam sem vida.
Os acusados devem responder por homicídio qualificado, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso, associação criminosa e ocultação de cadáver.
A defesa do casal, representada pelo advogado Reginaldo Silveira, afirma que a acusação se baseia em provas frágeis. “Trata-se de um caso muito curioso, tendo em vista que as provas são frágeis na indicação inclusive do homicídio. Havia uma relação profissional, em que os honorários eram pagos com imóveis, não em dinheiro. Vamos provar a inocência do casal”, declarou ao portal G1.
