O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, nesta quarta-feira (18/06), a taxa básica de juros da economia brasileira para 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006. A alta de 0,25 ponto percentual surpreendeu parte do mercado, que esperava o fim do ciclo de aperto monetário iniciado em setembro de 2024.
Segundo o Banco Central, a decisão foi unânime entre os membros do Copom e reflete a necessidade de controlar uma inflação que, embora tenha desacelerado nos últimos meses, segue acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
De acordo com o último índice de preços, a inflação acumulada em 12 meses foi de 5,32%, enquanto a meta oficial para 2025 é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O cenário fiscal do país, considerado frágil, e a resiliência do setor de serviços foram fatores determinantes para o aperto adicional.
A nova alta da Selic deve impactar diretamente o crédito, os investimentos e o consumo. Juros mais altos encarecem os financiamentos e reduzem a circulação de dinheiro na economia, o que pode conter a inflação, mas também desacelerar o crescimento.
Analistas avaliam que o Banco Central deu um recado claro de que não está disposto a flexibilizar a política monetária antes que os efeitos das últimas elevações sejam sentidos por completo. “A leitura é de prudência. O BC quer ganhar tempo para observar os desdobramentos sem abrir mão da firmeza”, explica o economista Ricardo Freitas.
O índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira, fechou o dia praticamente estável, refletindo a cautela dos investidores diante do cenário de juros elevados. A renda fixa, por outro lado, segue como opção atrativa para investidores, diante da manutenção da taxa em patamar elevado.
Já o dólar apresentou leve alta, influenciado também pelas expectativas sobre os juros nos Estados Unidos, que permanecem elevados após a decisão do Federal Reserve de manter a taxa entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Projeções
Especialistas apontam que o ciclo de altas pode estar chegando ao fim, mas a Selic deve permanecer em níveis elevados por mais tempo do que o previsto inicialmente. “O Banco Central pode até ter encerrado as altas, mas não sinalizou cortes no curto prazo. Isso significa que a Selic vai ficar em 15% por vários meses”, avalia a economista Carla Dourado.
O Copom volta a se reunir nos dias 6 e 7 de agosto, quando deverá avaliar os efeitos do atual patamar de juros na economia e definir os próximos passos da política monetária.
Selic
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela serve como referência para todas as demais taxas cobradas por bancos e instituições financeiras em empréstimos, financiamentos e investimentos. Quando a Selic sobe, o crédito fica mais caro e a tendência é de queda na inflação. Quando ela cai, estimula-se o consumo e a atividade econômica.