Apesar de avanços pontuais nos últimos anos, o Brasil não conseguiu cumprir a meta de erradicar o analfabetismo absoluto até 2024, conforme previa o Plano Nacional de Educação (PNE). Dados divulgados pelo IBGE revelam que, atualmente, 9,1 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais não sabem ler nem escrever o equivalente a 5,3% da população nessa faixa etária.
O plano, sancionado em 2014 pela ex-presidente Dilma Rousseff, previa também a redução pela metade do analfabetismo funcional, quando a pessoa reconhece letras e números, mas tem dificuldade de compreender textos simples. No entanto, o ritmo lento de redução mostra que os objetivos ficaram longe de ser alcançados. Entre 2022 e 2024, por exemplo, a queda no número de analfabetos foi de apenas 5,21%.
Desigualdade regional e geracional
O problema permanece concentrado no Nordeste, onde vivem mais da metade dos analfabetos do país: 5,08 milhões em 2024. A taxa também aumenta significativamente entre os idosos. Segundo o IBGE, 14,9% das pessoas com 60 anos ou mais são analfabetas. Já entre os adultos com 25 anos ou mais, esse índice é de 6,3%.
Entre os idosos, a taxa é ligeiramente maior entre mulheres (15%) do que entre homens (14,7%). Mas no recorte geral da população com 15 anos ou mais, as mulheres apresentam menor índice de analfabetismo (5%) do que os homens (5,6%) e maior escolaridade média: 10,3 anos de estudo, frente a 9,9 anos dos homens.
Raça ainda é fator determinante
A desigualdade racial também continua evidente. Pretos e pardos somam 6,7 milhões de analfabetos, número quase três vezes maior do que o de pessoas brancas (2,3 milhões). A diferença persiste ao longo dos anos e é mais grave entre os idosos: 21,8% dos pretos e pardos com 60 anos ou mais não sabem ler nem escrever, contra 8,1% dos brancos.
Novo plano ainda está parado no Congresso
Com o fim do PNE original em junho de 2024, o governo federal prorrogou suas diretrizes até dezembro de 2025, como medida provisória para evitar um vácuo nas políticas educacionais. Em junho do mesmo ano, o governo Lula encaminhou ao Congresso um novo plano com 18 diretrizes e 53 metas, que ainda não foi analisado.