Entre a noite de sábado (28/06) e a madrugada de domingo (29/06), Dia de São Pedro, bairros de Salvador e a cidade de Maragogipe, no Recôncavo Baiano, registraram as chamadas “guerras de espadas” – prática tradicional das festas juninas que voltou a causar polêmica e preocupação. Os bairros de Periperi, no Subúrbio Ferroviário, e Itapuã, especificamente as localidades de Nova Brasília e Baixa do Soronha, foram palco das disputas, com registros também em Maragogipe, cidade conhecida pelo forte vínculo com a tradição.
Vídeos enviados ao Informe Baiano mostram grupos correndo pelas ruas com espadas em mãos e arremessando os artefatos em direção ao céu e a outros participantes. Em Itapuã, uma das gravações flagra um homem ferido no chão, sendo atingido por fogos e cercado por outros homens, em uma cena que gerou revolta.
Em nota, a Polícia Militar informou que identificou ações delituosas no bairro de Itapuã e intensificou o policiamento na área, mas não confirmou se o vídeo do homem ferido corresponde ao local citado.
Já em Periperi, a PM afirmou que policiais da 18ª CIPM, com apoio da Rondesp-BTS e BPatamo, realizaram rondas reforçadas para coibir a prática. Segundo a corporação, “princípios de ações delituosas relacionadas à guerra de fogos foram rapidamente contidos”, e a ordem pública foi mantida.
Apesar de tradicional e defendida por parte da população como expressão cultural, a chamada “guerra de espadas” é considerada crime desde 2017, com base no Art. 16 do Estatuto do Desarmamento, que proíbe a fabricação, posse ou uso de artefatos explosivos sem autorização legal. A pena pode chegar a seis anos de prisão.
Além dos riscos legais, o Corpo de Bombeiros alerta para o perigo da fabricação artesanal dos artefatos, geralmente feita em barracões ou depósitos improvisados. A prática já causou dezenas de acidentes graves ao longo dos anos, com casos de queimaduras e amputações.
Moradores dos locais afetados relataram medo e indignação. “Parece que a rua vira uma zona de guerra. Temos crianças em casa, idosos. É um risco absurdo”, desabafou uma moradora de Nova Brasília de Itapuã.
As polícias Civil e Militar seguem monitorando os desdobramentos e reforçam que denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 190 ou 181.