O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou oficialmente nesta quarta-feira (09/07) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e já provoca reação no governo brasileiro, no setor produtivo e no mercado internacional. A decisão foi comunicada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio de uma carta, em tom crítico, com duras menções ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na carta, Trump acusou o Brasil de “atacar eleições livres” e de violar a liberdade de expressão nos Estados Unidos, ao se referir a ordens judiciais do STF contra redes sociais americanas. Ele ainda chamou de “vergonha internacional” o julgamento de Bolsonaro e afirmou que as tarifas visam corrigir o que chamou de “relação comercial injusta”.
“Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco”, escreveu Trump, afirmando, sem apresentar dados consistentes, que os EUA enfrentam déficits insustentáveis com o Brasil.
Contudo, dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento brasileiro contradizem essa narrativa: o Brasil tem registrado déficits comerciais com os EUA há 16 anos consecutivos, totalizando mais de US$ 88 bilhões em prejuízo para o lado brasileiro desde 2009.
SETORES MAIS ATINGIDOS
O impacto da nova tarifa será generalizado, mas alguns setores devem ser particularmente penalizados:
Agronegócio: soja, café, carne bovina e suco de laranja terão queda de competitividade e poderão perder espaço nos EUA.
Siderurgia: o aço e alumínio brasileiros já enfrentam barreiras. Com a nova tarifa, a exportação pode se tornar inviável.
Manufaturados e tecnologia: empresas brasileiras que vendem máquinas, têxteis e componentes industriais terão margens drasticamente reduzidas.
O Itamaraty classificou a medida como “hostil e infundada” e estuda ações na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou oficialmente, mas fontes próximas ao presidente Lula afirmam que uma resposta política e diplomática está sendo preparada.
“É uma medida de cunho eleitoral e ideológico. O Brasil está sendo usado como palco da guerra cultural de Trump”, afirmou um integrante da equipe econômica do governo.
O anúncio já provocou turbulência no mercado financeiro. O dólar subiu nas primeiras horas após a revelação da carta, e ações de empresas exportadoras brasileiras despencaram na B3. Analistas alertam que, com menos demanda externa, os preços internos de commodities podem cair, afetando empregos no interior do país e a arrecadação de estados produtores.
Além disso, a pressão sobre a balança comercial brasileira pode desvalorizar o real, aumentando a inflação e o custo de vida.
