O Brasil voltou a figurar entre os 20 países com maior número de crianças não vacinadas no mundo, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (15/7) pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em dados de 2024. O país ocupa agora a 17ª posição global após registrar um aumento significativo no número de crianças que não receberam sequer a primeira dose da vacina tríplice bacteriana (DTP), oferecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Em 2024, cerca de 229 mil crianças brasileiras não tomaram nenhuma dose da DTP, imunizante que protege contra difteria, tétano e coqueluche. O número representa mais que o dobro dos registros de 2023, quando 103 mil crianças estavam nessa situação. A ausência da primeira dose classifica a criança como “zero dose”, um dos principais indicadores de falha no acesso à imunização de rotina.
Na América Latina, o Brasil ficou atrás apenas do México, que registrou 341 mil crianças não vacinadas no ano passado. No cenário mundial, o país teve desempenho pior do que nações como Mianmar, Costa do Marfim e Camarões.
Avanço global é tímido, diz OMS
Apesar da piora no Brasil, o relatório indica progresso global modesto. Em 2024, 89% das crianças no mundo — cerca de 115 milhões — receberam ao menos uma dose da DTP, e 85% (aproximadamente 109 milhões) completaram as três doses recomendadas.
Em comparação a 2023, houve um aumento de 171 mil crianças imunizadas com ao menos uma dose, e mais de 1 milhão completaram o esquema vacinal. No entanto, 14,3 milhões de crianças em todo o mundo ainda não receberam nenhuma vacina, enquanto 5,7 milhões foram apenas parcialmente imunizadas.
Nenhuma das 17 vacinas monitoradas pela OMS atingiu a meta mínima de 90% de cobertura. Segundo a organização, o baixo alcance vacinal está relacionado a diversos fatores, como desigualdade de acesso aos serviços de saúde, instabilidade política, conflitos armados e disseminação de desinformação sobre vacinas.