Em seu segundo ano, a performance LAVAGEM, uma produção da Gameleira Artes Integradas, reuniu um grupo de mulheres, que fez o percurso na Festa de Iemanjá nesta sexta (02/01) com muita seriedade e de uma maneira diferente. Entre os objetivos, evocar em suas presenças a “lavagem” das memórias diversas de violências sofridas e impregnadas em seus corpos, nas paredes, calçadas e ruas da cidade. O cortejo seguiu até a beira mar, onde foi feita a entrega/oferenda de suas cabeças cobertas de flores à Rainha das águas.
Os organizadores lembraram que na mitologia dos orixás, após cuidar da loucura que abateu a cabeça de Oxalá, Olorum nomeou a deusa do mar Iemanjá a mãe de toda cabeça da humanidade, o que deu a ela o maior poder dentre os orixás.
Em reverência a essa yabá, as artistas-produtoras Raiça Bomfim e Olga Lamas, realizaram o ato performático onde culmina a Oficina-Ação Lavagem. A atriz e jornalista Mônica Santana, premiada pelo seu solo Isto Não é Uma Mulata, afirmou que o projeto é uma experiência muito potente e um espaço de troca, não somente artística e sim política e social.
“Cada mulher trouxe seus olhares, alegrias e tristeza. Extrapola o lugar do racional, pois abre outros canais de percepção e compartilhamento. Lembrando que não é um rito religioso e sim uma performance artística”.
Fotos: Rafael Brito