As prisões em Cabo Verde dos baianos Rodrigo Dantas, 25 anos, e Daniel Dantas, 43, além do gaúcho Daniel Guerra, 36, e do capitão francês Olivier Thomas, ao que tudo indica, virou uma “questão diplomática”. No barco em que eles estavam, foram encontrados 800 milhões de reais em cocaína. O fato ocorreu no dia 22 de agosto de 2017.
Os velejadores negam as acusações de tráfico de drogas de alto risco e de associação criminosa. Um relatório, inclusive, feito pela Polícia Federal do Brasil aponta a inocência dos quatro. Porém, o Ministério Público e a Justiça de Cabo Verde acreditam que o documento foi elaborado em conjunto com a Defesa de Rodrigo Dantas. O Informe Baiano conseguiu conversar com o advogado Maurício Mattos, que nega a informação. Ele esteve no país e acompanhou os três primeiros dias do julgamento.
“O governo brasileiro encaminhou a juntada do Inquérito Policial concluído pelo não indiciamento dos brasileiros. No dia do julgamento, na abertura, nós verificamos que o documento não havia sido juntado. Daí, foi requerido que se juntasse. O Ministério Público (Cabo Verde) se opôs, aduzindo em um um primeiro momento que era uma sentença. Nós justificamos que não se tratava de uma sentença”, afirmou Mattos, que complementou.
“O juiz disse que decidiria no dia seguinte, isso foi na segunda. Na terça, eles não reconheceram. Disseram que a embaixada brasileira não tinha credibilidade em Cabo Verde. Nós insistimos. Aí no terceiro dia, ele disse que o documento foi elaborado a serviço da Defesa. O cônsul brasileiro honorário estava presente e ficou indignado. O governo brasileiro foi desmoralizado”, lamentou o advogado. Não há previsão ainda para o final do julgamento.
De acordo com uma fonte do Informe Baiano no país formado por ilhas, a droga pertence ao britânico George Soul, que atua em toda Europa. Recentemente, um irmão do mafioso foi preso na Espanha com duas toneladas de drogas. Ainda de acordo com a fonte, “a ordem veio de cima”, pois existe uma pressão no país para que haja uma resposta ao crime organizado. A sensação em Cabo Verde é que os brasileiros já entraram no julgamento condenados.
Velejadores baianos presos com uma tonelada de cocaína foram vítimas de quadrilha internacional