Cauã Reymond dá vida a uma travesti no clipe de ”Your Armies”, novo trabalho da cantora Barbara Ohana, sobrinha da atriz Cláudia Ohana que estreou sua carreira solo no ano passado com o EP “Dreamers”. O clipe foi lançado neste domingo, 19. O ator chamou atenção por aparecer completamente diferente de sua imagem habitual. Com peruca loira, corset de renda, maquiagem e salto alto, Reymond vive Clara – uma travesti que sofre transfobia e se vinga de maneira singular.
Com direção de Allexia Galvão e Daniel Rezende – indicado ao Oscar pela montagem de “Cidade de Deus” -, o vídeo já soma mais 420 mil acessos no YouTube, em menos de 24 horas desde o lançamento.
A história do clipe não é muito diferente da realidade vivida por muitas travestis e transexuais. Durante uma festa, Clara é ridicularizada por um grupo de homens após trocar olhares com um deles. Ao deixar o local, a mulher é espancada pelo homem com quem flertou na festa, interpretado por Julio Machado – o jagunço Clemente da novela “Velho Chico”. A vingança de Clara, no final do clipe, surpreende pela delicadeza.
Para viver a personagem, Cauã contou ao jornal O Globo que ficou dois meses sem malhar para atenuar o músculos. “Já na reta final de “A regra do jogo”, parei de malhar por uns dois meses para perder os músculos. Apesar de magro, sou um cara de estrutura larga e tentei suavizar meus traços ao máximo”, disse o ator.
Reymond ainda falou sobre a preparação para se adaptar ao figurino. “Nas férias também andei todo dia de salto alto em casa, fazia tudo o que tinha que fazer de salto, senão como ia chegar nas gravações e andar com aquele salto 10? Também precisei me acostumar com a peruca. Foi uma experiência muito rica, principalmente para suavizar meu gestual, porque eu sou um cara mais bruto”, disse o ator que contou com ajuda da preparadora de elenco Andréa Cavalcanti.
Polêmica
Após a divulgação do clipe, o público da internet se dividiu entre críticas e elogios sobre a participação de Cauã na pele de uma travesti. Alguns usuários criticaram a falta de representatividade em papéis de pessoas transexuais, normalmente interpretados por atores cis gêneros.
A polêmica lembra casos como o do ator caso de Jared Leto, que venceu um Oscar pelo filme “Clube de Compras Dallas” e do ator Eddie Redmayne, que foi indicado ao Oscar 2016 de melhor ator por viver a primeira transexual a se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo, em “Garota Dinamarquesa”.
Na entrevista para O Globo, Cauã comentou que respeita as críticas, mas que interpretar outras pessoas faz parte de sua profissão. “Eu sou ator. Essa é a minha profissão, é o meu ofício, viver personagens interessantes é o que me faz entrar num projeto. Vou pelo desafio artístico. Com os personagens, a gente consegue entender um pouco mais sobre as pessoas, e isso é a coisa mais bacana da minha profissão, o que me enriquece como profissional e como indivíduo. Se eu for criticado, eu vou entender, mas eu trabalho com ficção, e se um ator não puder se transformar e buscar trabalhos desafiadores, vai ficar tudo muito monótono. A bandeira que defendemos é a mesma. A beleza que a gente está propondo é a aceitação do que é diferente para cada um e o respeito” afirmou Reymond.
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Fonte: O Povo