A juíza Caroline Rosa de Almeida Velame Vieira, da comarca de Nazaré das Farinhas do Tribunal de Justiça da Bahia, determinou a imediata que o corpo da ialorixá Mãe Stella de Oxóssi seja encaminhado para o Ilê Axé Opô Afonjá, terreiro que a religiosa comandava, em Salvador.
A tutora legal e companheira da ialorixá, Graziela Domini, havia decidido enterrar a sacerdotisa na tarde desta sexta-feira (28/12), no Cemitério Nosso Senhor dos Aflitos, em Nazaré das Farinhas. Filhos de Santo da religiosa e adeptos do Candomblé questionaram e exigiram a realização do Axexê, o ritual fúnebre e milenar do Candomblé.
Mãe Stella morreu na tarde de ontem, no Hospital Incar, em Santo Antônio de Jesus, devido a sepse urinária, insuficiência renal crônica e hipertensão arterial sistêmica. A religiosa estava internada desde o início do mês na unidade médica.
Em conversa com o Informe Baiano, um morador da cidade e amigo de Mãe Stella, revelou que a sacerdotisa “já estava se preparando para a passagem e fez o ritual dela” antes de morrer.
“Ela não quer que faça dessa maneira que querem. Ela já fez os rituais perante diversas testemunhas”, disse a fonte.
Nascida em 2 de maio de 1925, em Salvador, Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayode, era a quinta ialorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais tradicionais da Bahia. Foi levada a um terreiro e conheceu o candomblé por meio de uma tia quando era adolescente. Trabalhou como enfermeira ajudando principalmente os mais pobres. Escreveu vários livros, entre eles Meu tempo é agora, Òsósi – O Caçador de Alegrias, Epé Laiyé- terra viva e Ófun, sendo uma das primeiras mulheres a escrever sobre candomblé no país.
Defensora da cultura negra, foi agraciada com diversos títulos, como o de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia (2005) e da Universidade do Estado da Bahia (2009). Em 2013, foi eleita para a Academia de Letras da Bahia, onde tomou posse da cadeira número 33 – já havia sido ocupada pelos escritores Castro Alves e Ubiratan Castro de Araújo.