Quinze por cento dos brasileiros já vacinados receberam o imunizante fora de seu município de residência e se deslocaram em média por mais de 250 quilômetros para fazer isso, segundo o boletim mais recente do Monitora Covid-19, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fiocruz. De acordo com o levantamento, o porcentual varia de 11% a 25% entre os municípios e reflete a descoordenação do Programa Nacional de Imunização (PNI) em todo o País.
Para especialistas, a disputa supostamente “do bem” entre governantes e a antecipação dos calendários vacinais em alguns municípios sobrecarregam os sistemas de saúde e provocam deslocamentos desnecessários, que podem ajudar na disseminação do vírus. Para os cientistas, a disputa é meramente política e não traz benefício.
“A vacinação é um procedimento de baixa complexidade, que deve ser realizado na atenção básica de saúde, sendo dispensável o deslocamento de pessoas”, resume o boletim. “Longos deslocamentos devem ser evitados, bem como a sobrecarga de alguns municípios que vêm sendo procurados por anteciparem o calendário por idade ou por adotarem critérios próprios para a priorização de grupos vulneráveis.”