Ex-integrantes do Movimento Sem Terra (MST), o casal Nelcilene Reis e Ivan Xavier foram ouvidos, nesta terça-feira (30/05), na “CPI do MST”, na Câmara Federal, em Brasília. O Informe Baiano acompanhou a reunião do colegiado dominado por deputados de direita e da bancada ruralista. Participaram do encontro presidido pelo parlamentar tenente-coronel Zucco e com relatoria do ex-ministro Ricardo Sales, os deputados baianos Capitão Alden (PL) e Valmir Assunção (PT).
Nelcilene, que atuava no setor financeiro de um grupo da organização, afirmou que deixou o MST junto com o marido porque era “massa de manobra”.
Segundo ela, tudo que “arrecadava era passado pros dirigentes”. Além disso, os integrantes tinham que entregar seus alimentos ou seu dinheiro ao MST. Nelcilene lembrou um episódio em que “só tinha um frango no freezer” e os dirigentes chegaram em seu lote. Ela não tinha o que dar, mesmo assim ofereceu o frango, mas surgiram reclamações. As lideranças teriam dito que queriam carne, pois estavam cansados de frango. O casal ficou 5 anos no acampamento.
A mulher contou ainda que “crianças passavam necessidade” e os membros do grupo eram explorados, por exemplo, no único mercadinho do acampamento, onde o “preço era mais caro, muito alto para o poder aquisitivo das pessoas”. “Só tinha um. Vendia produtos vencidos. Os valores cobrados eram cinco vezes maiores que em mercadinhos da região. Eu não tinha liberdade nem para vender outros produtos. A gente colocou um pequeno comércio e fomos repreendidos”, denunciou.
Nelcilene disse ainda que ela e o marido eram “trabalhadores escravos”.
“Trabalhava de graça, inclusive sábados, domingos e feriados. Ficava das 8h às 17h. Não recebia nem comida”, contou.
O depoimento chocou a maioria das pessoas que acompanhava a audiência. Segundo a trabalhadora, ela e o marido ainda foram ameaçados de morte”.
“Fomos extorquidos, não só eu, como todos. Cobravam uma taxa de 10 reais por pessoa. O dinheiro era para bancar a comida e a gasolina dos dirigentes”, acrescentou.
Nelcilene deu um conselho para quem pensa em entrar no MST: “não entrem, armadilha”.
