Calabar: guerra de “ex-funcionários” contra Averaldinho relembra tempos sombrios

“Desde a implantação da base comunitária em 2011 com um trabalho em parceira com os movimentos sociais que o Calabar mudou. As coisas melhoraram mesmo. Hoje há um pacto pela morte. Guerra! Todos estamos apavorados”, desabafou uma dona de casa, nossa primeira entrevistada.

O Calabar e o Alto das Pombas ficam em uma localização estratégica, ao lado de bairros nobres, a exemplo de Ondina, Avenida Centenário e Jardim Apipema, o que garante uma boa arrecadação para a criminalidade. Sem dúvidas, esse é o motivo principal da guerra recente travada na região.

De um lado, o Bonde do Maluco (BDM) liderado pelo traficante Averaldo Ferreira da Silva Filho, mais conhecido como Averaldinho, que cumpre pena no Complexo Lemos Brito. Ele é o líder do comércio de entorpecentes na região e também tem forte influência em outros bairros de Salvador, a exemplo da Gamboa, Engenho Velho da Federação e Garcia.

Do outro está o Comando Vermelho (CV), que escalou dois ex-soldados de Averaldinho para a missão de ‘tomar as bocas’. São eles: ‘Galego’ e ‘Israel’, que já moraram na Roça da Sabina e conhecem bem os becos e vielas do Calabar.

O Informe Baiano conversou com diversos moradores, no último sábado (17/06), sobre a situação. A opinião da maioria coincide com a seguinte frase: “Acabou a calmaria”. Outro problema apontado por todos é o São João: “Esses fogos, a gente não sabe quando é tiro, quando é bomba. Sem contar que o policiamento diminui”. A comunidade confia no Informe Baiano e por isso, os moradores abriram o jogo sob a condição e garantia de anonimato.

“O CV quer tomar porque rola muito dinheiro. O X da questão é: alguém vai tá na parada, é impossível acabar com o tráfico porque são muitos usuários. Vocês não tem noção. É muito filhinho de papai e patricinha pagando pau. Então, a polícia tem que reconhecer isso, como a comunidade entende que é melhor ficar do jeito que está e sem guerra”, opina um segundo entrevistado.

“A polícia fez a operação aqui semana passada e matou o ‘gerente da boca’. Eu acho que foi um erro, entende?! Uma coisa estranha. Aí agora os vermelhões perceberam que a facção daqui está fragilizada e começaram a atacar. Quem fica prejudicado? A gente. Não adianta querer achar que vai acabar com a droga. A verdade é que a PM abriu a porteira para o CV”, acrescentou.

Um morador mais antigo, que vamos intitular de terceiro entrevistado, lembrou que antes da Base Comunitária aconteciam tiroteios constantes. “Tinha a família Floquet, que era Selma e depois o filho dela Leandro no lado da Bomba. E do lado do Camarão o grupo de Averaldinho. A gente não conseguia viver em paz. Isso havia acabado. O Calabar, eu posso dizer que até ano passado, era uma calmaria”, relatou. “Porque essa calmaria? Porque a gente sabe que, de repente, não vai acontecer nenhum tiroteio. Eu não apoio, mas tolero porque eles respeitam a gente. E agora, acabou, tudo está voltando de novo”, acredita.

Um quarto entrevistado apontou que o Estado, ao longo dos anos, parou de cumprir seu papel na totalidade, deixando tudo nas costas da Base Comunitária e dos movimentos sociais.

“O Estado sempre chegou aqui com o braço forte da polícia. Até hoje. Só que antes era o ‘Pacto pela Vida’ e agora o pacto pela morte fala mais alto. A política de segurança não evoluiu. Continua a mesma, que é matar o jovem preto e favelado. Que política é essa que não impede a chegada dessa droga?”, questionou.

“Os grupos organizados sempre buscaram garantir o direito de ir e vir, pois realmente o Calabar tem pessoas bem atuantes em relação a implantação de projetos sociais. Temos moradores resistentes na luta social. Isso facilita, é uma forma de combate à violência. É uma promoção da paz. Mas cadê o Estado para fazer a parte dele? Só polícia?! A gente precisa de um conjunto de ações diariamente. O Calabar não está no raio de políticas públicas para o crescimento. Por enquanto, a única política que chega forte é a atuação da polícia”, finaliza o morador.

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