O dirigismo cultural no governo baiano ou só vence na vida quem diz sim

“Se te dói o corpo, diz que sim Torcem mais um pouco, diz que sim
Se te dão um soco, diz que sim

Se te deixam louco, diz que sim”
(Vence na vida quem diz sim,
de Chico Buarque e Rui Guerra)

A capa do disco, concebida pela artista Regina Vater, era singela: apenas o nome “Calabar” pichado em um muro em letras brancas. Tal singeleza, porém, representava, ao mesmo tempo, força e rebeldia. Afinal, naqueles anos de chumbo, até mesmo pichar um muro representava um ato de desafio e contestação ao regime ditatorial, a exigir severa punição.

O álbum reunia 11 músicas da trilha sonora da peça musical “Calabar: o elogio da traição”, escrita pela dupla Chico Buarque e Ruy Guerra e proibida pelo regime militar às vésperas da estreia, no final de 1973. Duas delas eram apenas versões instrumentais, pois tiveram as letras tão amputadas pela tesoura dos censores que ficaram quase totalmente incompreensíveis: “Ana de Amsterdã” e “Vence na vida quem diz sim”.

Bom, isso foi há mais de cinquenta anos, em plena ditadura, é coisa do passado, poderia me dizer o querido leitor, argumentando que hoje vivemos em uma democracia. Já não existe censura, os escritores escrevem livremente sobre o que quiserem, os cantores cantam livremente o que desejarem, os compositores compõem sem sofrer restrições… Somos livres, ninguém é mais punido por pensar diferente, nem perseguido por suas criações intelectuais.

Ledo engano, caro leitor. É bem verdade que os censores aposentaram suas tesouras e se recolheram à lata de lixo da história, de onde nunca deveriam ter saído – bom, de vez em quando um remanescente da ditadura com ímpetos censórios reaparece, mas são episódios fugazes, logo enquadrados e esquecidos. Mas há outras formas de censura e repressão, tão eficazes quanto o manejar das tesouras, escondidas nos desvãos da nossa ainda imberbe democracia, penduradas em gabinetes governamentais.

Tomemos, por exemplo, o caso do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, o IGHB, que teve suspensos os repasses dos recursos a ele destinados pelo Governo do Estado, por meio do Programa de Apoio a Ações Continuadas em Instituições Culturais.

Mantido pela Secretaria da Cultura do Estado, com recursos do Fundo Estadual de Cultura, o programa beneficia também a Academia de Letras da Bahia, a Fundação Pierre Verger, o Museu Carlos Costa Pinto, o Balé Folclórico da Bahia, a Fundação Casa de Jorge Amado e vários outros organismos.

Todas essas instituições seguem recebendo as dotações que lhe foram conferidas por meio de edital, menos o IGHB, a pretexto de que a atuação da secular instituição não está em harmonia com a política estadual de cultura – ou melhor, com o obtuso pensamento dos que a dirigem e executam.

A motivação, na real: o instituto promoveu uma palestra do diplomata Ernesto Araújo, que tinha sido ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro. Uma bobagem: online, a palestra não chegou a ter uma centena de acessos.

Como se sabe, o IGHB é mantenedor de um dos mais valiosos acervos sobre a história da Bahia. A Biblioteca Ruy Barbosa abriga um conjunto de 35 mil livros, mas há ainda documentos, pinturas, escultura e uma vasta coleção de jornais e periódicos. Uma preciosa fonte para os pesquisadores da história baiana.

Tudo isso agora está ameaçado. A verba de R$ 700 mil anuais que o governo estadual vinha destinando ao IGHB corresponde a 85% do orçamento da instituição. Sem ela, não há como manter o instituto em funcionamento, alegam seus dirigentes.

O eventual fechamento do IGHB empobrece a cultura da Bahia e envergonha os baianos. Só que, para voltar a receber os recursos necessários ao seu funcionamento, o IGHB tem que render-se ao dirigismo cultural emanado dos gabinetes da Secretaria da Cultura do Estado, onde se encastelam os que se acham no direito de controlar a cultura baiana, algo inaceitável em qualquer sociedade democrática.

E aqui voltamos à canção que emprestou seus versos para a epígrafe desse artigo: como nos duros anos da ditadura militar, no campo oficial da cultura baiana, hoje, não ouse dizer não. Só vence quem diz sim.

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