O bolsonarismo soteropolitano, a contar pelas candidaturas lançadas, demonstra ser uma espécie de Frankenstein político ou um veículo com volantes distintos para dar a direção aos pneus. Os deputados estaduais do PSL – que estão afastados do comando estadual por alegada fidelidade a Bolsonaro – não dão tanta sinalização de coerência.
Enquanto a deputada estadual Talita Oliveira – uma das que menos falam na atual legislatura e que atua publicamente somente por meio de postagens em redes sociais – tenta eleger o esposo, candidato a vereador pelo Democracia Cristã (DC), partido que integra a coligação que busca a eleição de Bruno Reis (DEM). Já o Capitão Alden não declarou apoio a Cézar Leite (PRTB), que diz ser o candidato de Bolsonaro, mas só recebeu apoio do mensaleiro Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.
Apoiado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), o vereador Alexandre Aleluia – que tentou fundar o Aliança pelo Brasil, mas, após o naufrágio, precisou permanecer no DEM – tenta a reeleição e apoia também Bruno Reis. Já o cantor Netinho, apoiador de Bolsonaro que também já fez lives com Eduardo e já visitou algumas vezes a Secretaria da Cultura, disse que não apoia ninguém para prefeito na capital.
Pela divisão e pelas campanhas de fritura mútua em grupos de WhatsApp, torna-se patente que a estratégia dos bolsonaristas baianos não caminha para a fundação de uma base para o presidente em Salvador (que também não demonstra interesse em ter base na Bahia), mas em pavimentar um meio oportuno de criar visibilidade e buscar espaço na política. Ter uma base forte na Bahia seria, por outro lado, um empecilho para que Jair Bolsonaro pudesse atender a caciques baianos ligados a ACM Neto, presidente nacional do DEM, ou a integrantes da base do governador Rui Costa.
Os nomes bolsonaristas vivem uma política para a formação de guetos, não de uma base. A centro-direita soteropolitana – que é a base de sustentação do governo ACM Neto e deve ser também o alicerce de uma possível administração Bruno Reis – deve eleger uma boa bancada na capital. Os bolsonaristas, no entanto, devem eleger um nome ou dois e representar na direita aquilo que o PSOL representa na esquerda na Câmara Municipal: uma minoria, no máximo, barulhenta.