Uma foto enviada ao Informe Baiano na tarde desta terça-feira (27/04) mostra os dois jovens negros mortos no Nordeste de Amaralina detidos dentro do supermercado Atakarejo de Amaralina, em Salvador. O registro apresenta eles sentados no chão e ao lado de quatro pedaços de carne.

Bruno e Ian Barros da Silva, 29 e 19 anos, tio e sobrinho, respectivamente, teriam sido acusados de furto. A ocorrência foi por volta das 15h30 de segunda-feira (26/04) e de acordo com uma testemunha em contato com o IB, ambos foram entregues a um grupo de traficantes da localidade do Boqueirão, no Nordeste de Amaralina, onde ocorreu uma sessão de tortura que terminou com duplo homicídio. Em seguida, as vítimas foram colocadas na mala de um veículo e “levadas para algum lugar”, conforme a testemunha.

O IB perguntou ao Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar (DCS-PM) se a instituição foi acionada para alguma ocorrência na tarde de ontem no Atakarejo de Amaralina. O DCS respondeu que a “40ª CIPM não foi acionada para atender a referida ocorrência”.
“No entanto, assim que tomou conhecimento sobre a ocorrência, a unidade deslocou uma guarnição até o local a fim de verificar o fato. Ao chegar ao estabelecimento, ninguém quis informar nada sobre o assunto”, diz o comunicado.
Leitores do IB disseram que os dois homens eram moradores do bairro de Fazenda Coutos, no subúrbio ferroviário de Salvador. Fotos deles ainda vivos e também mortos foram compartilhadas nas redes sociais por integrantes da facção Comando Vermelho (CV).
A Assessoria de Comunicação da Polícia Civil (ASCOM-PC) informou que a 1ª DH/Atlântico investiga o duplo homicídio.
“Os dois homens, que foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo, ainda estão sem identificação. A motivação do crime está relacionada ao tráfico de drogas. Já temos indicativo de autoria e equipes da unidade realizam diligências na região para tentar localizar os suspeitos”, pontua o comunicado.
Sobre a possibilidade da dupla morta ter realizado um furto horas antes em um estabelecimento de Amaralina e sido entregue por um funcionário do Atakarejo aos integrantes da facção Comando Vermelho (CV), do Complexo do Nordeste, a Polícia Civil disse que “vai investigar se há relação entre as duas situações”.
Procurado, o Atakarejo disse que “é cumpridor da legislação vigente, e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais”. Além disso, “não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei”.
“Especificamente em relação aos fatos questionados, tratam-se de fatos que envolvem segurança pública e que certamente serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente”, finaliza o comunicado oficial.
A testemunha que denunciou o caso ao IB afirmou não ter certeza “se eles estavam furtando mesmo e independente disso não poderiam ser entregues para os traficantes”.
“Eu não sei se eles ligaram, mas fizeram um escândalo grande. Tem que mostrar a foto aí pra ver se as famílias aparecem. Podem ser pessoas de bem também. Absurdo o que aconteceu. Mais de 10 cabeças”, disse revoltado.
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