A FAB está lidando com uma onda de afastamentos devido à suspeita de fraude em diplomas apresentados por candidatos aprovados em processos seletivos para o cargo de técnico administrativo, entre 2017 e 2022. O Comando da Aeronáutica recebeu denúncias de que oficiais que ingressaram na Força por meio de seleção para militar temporário entregaram documentos irregulares, alguns dos quais já tiveram a fraude comprovada e foram afastados, enquanto outros ainda estão sob investigação.
O esquema envolve a emissão de registros pelo Conselho Regional de Administração do DF (CRA-DF) sem a checagem adequada da documentação. Diplomas de cursos técnicos chegavam ao Conselho para emissão de registros a cada processo seletivo das Forças Armadas, mas os certificados não tinham sequer numeração de registro no Ministério da Educação ou na Secretaria de Educação, quesito obrigatório para emissão.
Além disso, a documentação era apresentada ao Conselho sem histórico escolar e com todos os diplomas em segunda via. Mesmo assim, 208 certificados foram emitidos, com número de série sequenciado, e todos estão sob suspeita. Desses casos, 34 passaram na seleção para a Aeronáutica e o Exército, a maioria para a FAB, e todos são investigados por suspeita de fraude.
A FAB já apurou casos de fraudes na documentação de aprovados em processo seletivo, e a incorporação de alguns aprovados foi anulada após a constatação de problemas nas documentações, incluindo a fraude nos certificados. A quantidade de irregularidades identificadas não pode ser divulgada, porque ainda existem investigações em andamento. Há suspeitas de que os diplomas tenham sido falsificados para serem apresentados às Forças Armadas.
A nova diretoria do CRA-DF se manifestou dizendo que apenas se pronunciará sobre a possível fraude em diplomas após conhecer e analisar a documentação citada, e que fraude evidente ou denúncia será encaminhada ao Ministério Público e Polícia Federal. A Força Aérea Brasileira ressaltou que realiza verificações rigorosas da documentação apresentada pelos candidatos e que não coaduna com condutas que divergem dos seus valores, dedicação e trabalho em prol do cumprimento da missão institucional. O Exército não respondeu à reportagem sobre suas investigações internas acerca de diplomas falsos ou demissões de aprovados em seleções temporárias.