A operação da Rondesp Atlântico que resultou na morte de dois homens, na noite de sexta-feira (29/12), no bairro da Boca do Rio, deixou a comunidade do Cajueiro em luto. Uma das vítimas, Anderson Souza Santos, 26 anos, não tinha envolvimento com a criminalidade e era trabalhador, segundo a família. O outro morto seria integrante de uma facção.
Revoltados, moradores ameaçam fazer uma manifestação na via principal da Orla da Boca do Rio “para atrapalhar e acabar com o Festival”. Sob anonimato, vizinhos de Anderson relataram que “se nenhuma providência for tomada vai ter protesto”.
O Informe Baiano conversou com o barbeiro Valmir Oliveira, pai de Anderson. As mortes ocorreram em locais próximos, mas diferentes. Anderson, ao escutar os tiros, correu desesperado e acabou baleado por uma guarnição da PM.
“Ele estava sozinho. Trabalhava no Lava Jato de carteira assinada, não tinha passagem e deixa uma filha de 4 anos. Não se envolvia em nada. Anderson era aquele cara frouxo. Quando escutava tiros corria logo. E foi o que aconteceu. Ele correu. Quem vai ficar? Foram muitos tiros, parecia festa de fogos. Eu estava na barbearia e aí me chamaram. Disseram que meu filho estava baleado no chão”, contou Valmir.
“Se fosse vagabundo a gente estava calado, não falava nada. Depois que correu, ele viu a polícia de frente e botou a mão na cabeça. Tomou o tiro já no chão e rendido. Ele estava sozinho. Ele ainda pediu para chamar o pai dele. Mas mesmo assim eles mataram. Deram três tiros nele e levaram para o Hospital Roberto Santos. Uma bala atingiu uma veia do coração e aí foi fatal”, acrescentou.

Seu Valmir disse ainda que “sumiu tudo dele, até o RG” e “ainda disseram que meu filho era traficante”.
“Escreva aí por favor Informe Baiano: ele não tinha passagem nenhuma, era um guerreiro, pai de família e não era envolvido em nada de errado. Lá no Roberto Santos eu ainda fui mal tratado. Levei chute e spray de pimenta na cara. Como é que pode acabar com as pessoas inocentes assim? Trabalhador sendo humilhado e morto”, desabafou.
“Isso aí tem que ser falado. A polícia tem que trabalhar certo. Se você vier aqui na comunidade vai ver: as casas todas brocadas de bala. Executaram meu filho e nosso final de ano”, finalizou o pai de Anderson.

VERSÃO DA PM
A equipe que participou da investida alegou que foi atacada por um grupo armado durante ação de combate ao crime organizado.
“Os suspeitos foram avistados e durante tentativa de cerco houve confronto. Uma dupla acabou atingida, chegou a ser socorrida para o Hospital Roberto Santos, mas não resistiu aos ferimentos. Com eles os PMs encontraram uma submetralhadora calibre 9mm, um revólver calibre 38, carregador, munições, quatro rádios comunicadores, cerca de 500 porções de maconha, cocaína e crack, além de uma balança. As ações de combate ao tráfico de drogas seguem intensificadas na região”, relatou por meio de divulgação da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Grupo armado na Boca do Rio tenta surpreender Rondesp e dois morrem