Uma operação da Polícia Civil da Bahia, batizada de OTIOSUS, desarticulou um esquema de extorsão e agiotagem que há pelo menos três anos atuava contra comerciantes nos municípios de Irecê, João Dourado e Várzea Nova, no Centro-Norte baiano.
Conforme apuração do Informe Baiano nesta quinta-feira (19/07), a ação culminou na prisão de dois homens em flagrante, além do cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão.
Segundo as investigações, um grupo familiar estava por trás da organização criminosa. Uma das vítimas, dono de uma farmácia no centro de Irecê, foi extorquida durante todo esse período, com prejuízo estimado em mais de R$ 2 milhões. A polícia identificou que a quadrilha praticava usura e extorsão continuada, exigindo pagamentos sob a alegação de “segurança” para os estabelecimentos.
O caso chama ainda mais atenção porque, em fevereiro deste ano, o Informe Baiano já havia denunciado a existência de um esquema criminoso envolvendo cobranças ilegais de comerciantes na região. À época, tanto a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Irecê quanto a própria Polícia Civil negaram publicamente a existência do crime.
Agora, com a deflagração da operação e a comprovação dos crimes, o silêncio da CDL é colocado em xeque.
Durante a ação policial, foram apreendidos: uma pistola Taurus G3, calibre 9mm, 02 carregadores, 28 munições calibre 9mm, 05 munições calibre .38, R$ 7.250,00 em espécie, 01 cofre, 01 par de brincos de ouro, notas promissórias, cheques preenchidos (até R$ 90 mil), recibos de compra e venda de imóvel rural, 05 celulares de diferentes marcas e 01 caderno de anotações com registros financeiros.
Os mandados foram expedidos pela Justiça após representação da autoridade policial, com base nas provas reunidas.
A Polícia Civil informou que as investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos e mapear a teia de relações entre os acusados e outras figuras da cidade. Há suspeitas de que outros comerciantes também tenham sido vítimas, mas não registraram ocorrência por medo de represálias.
A CDL de Irecê e setores da Polícia Civil que inicialmente minimizaram a denúncia do Informe Baiano ainda não explicaram a postura adotada à época. Moradores, empresários e lideranças locais esperam que, a partir de agora, haja transparência, proteção às vítimas e rigor na responsabilização dos envolvidos – direta ou indiretamente – nesse caso que escancarou um sistema de opressão disfarçado de “segurança privada”.
A operação OTIOSUS é considerada um marco no combate ao crime organizado na região, mas também um alerta: omissões institucionais podem custar caro à sociedade.
TERRA DE NINGUÉM: Comerciantes obrigados a pagar “taxa de segurança” em Irecê