A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou que as aeronaves utilizadas para o transporte de órgãos para transplantes no país só têm combustível garantido até o dia 3 de agosto. A situação crítica coloca em risco a vida de pessoas que aguardam na fila por um novo órgão, já que o tempo é fator determinante nesses procedimentos. Caso o serviço seja interrompido, pacientes podem morrer à espera da logística que garante a chegada dos órgãos com rapidez.
Além da escassez de querosene, a FAB alertou que a manutenção das aeronaves também está comprometida. A instituição responsabiliza uma decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo cenário atual. O motivo seria o Decreto n° 12.447, de 30 de maio de 2025, que estabeleceu um corte de cerca de R$ 2,6 bilhões no orçamento do Ministério da Defesa.
Desse total, R$ 812,2 milhões foram retirados do Comando da Aeronáutica, sendo R$ 483,4 milhões de despesas discricionárias — que envolvem, entre outros, o abastecimento das aeronaves — e R$ 328,8 milhões de projetos estratégicos.
A FAB afirma que o bloqueio foi imposto a apenas sete meses do fim do exercício orçamentário, o que agravou os efeitos da redução. Dos R$ 29,4 bilhões disponíveis para o Comando da Aeronáutica em 2025, apenas R$ 2,2 bilhões são destinados a combustíveis e materiais de consumo. Quase toda a verba restante está comprometida com pagamento de soldos, pensões e investimentos.
Além dos voos para transplantes, os aviões da FAB também são usados para deslocamentos de ministros do governo federal.
Confira abaixo a nota da FAB, na íntegra:
“A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que o Decreto n° 12.447, de 30 de maio de 2025, determinou a contenção de cerca de R$ 2,6 bilhões ao atual orçamento do Ministério da Defesa.
Desse total, coube ao Comando da Aeronáutica (COMAER) a contenção de R$ 812,2 milhões, dos quais R$ 483,4 milhões em despesas discricionárias e R$ 328,8 milhões em projetos estratégicos.
No tocante às despesas discricionárias, foram estabelecidos critérios, métodos e premissas para a definição das ações orçamentárias cujas atividades e projetos seriam afetados.
Dentro das possibilidades de absorção dos valores conforme a classificação orçamentária, foram priorizadas despesas discricionárias que dão suporte orçamentário para a execução de determinadas atividades, e também para compromissos já assumidos, em detrimento de outras áreas.
Contudo, considerando o alto valor dos bloqueios e dos contingenciamentos estabelecidos, e o fato de essas contenções terem sido estabelecidas restando sete meses do atual exercício, houve impactos severos em praticamente todas as atividades, desde as operacionais, até as logísticas e administrativas.
No que diz respeito aos projetos estratégicos, a redução de 17% do valor da LOA irá requerer ajustes contratuais, a fim de mitigar impactos nos cronogramas de entregas das aeronaves”.