O desentendimento entre dois policiais que resultou em ameaças feitas por um soldado com uma arma teria sido causado por um atraso de cerca de 25 minutos no retorno do almoço. Questionado pelo superior, um cabo da PM, o soldado apontou a arma para o rosto do colega, na tarde de sexta-feira (04/12). Uma multidão presenciou a cena na Rua Santa Ifigênia, no centro da capital paulista, e ainda incentivou a briga. Felizmente, o cabo PM manteve-se calmo.
O advogado Fabrício Bennaton afirmou em entrevista ao Agora, na segunda-feira (07/12), que o soldado de 34 anos passa por dificuldades pessoais e financeiras. A defesa sustenta que a condição emocional do PM teria, portanto, contribuído para que o soldado sacasse sua arma e ameaçasse o superior, quando foi repreendido ao retornar com atraso do almoço. Além disso, o homem faz tratamento psicológico para lidar com estresse e problemas emocionais. Inclusive, já teria feito entre três e quatro atendimentos psicológicos, antes da ocorrência de sexta. O policial está preso por tempo indeterminado, no presídio militar Romão Gomes. Já o cabo, segundo a corporação, foi retirado de serviço. A Polícia Militar não confirma o motivo do desentendimento.
Bennaton disse também que seu cliente perdeu o horário de retorno por ter atendido a uma senhora estrangeira, que supostamente havia passado mal, com dores no peito e de cabeça. O atendimento à mulher, mencionado pelo advogado, não teria sido registrado pelo soldado, por causa da discussão ocorrida minutos depois.
“Foi advertido que ele e seu parceiro seriam comunicados ao seu comandante [sobre o atraso], momento em que ele discordou [soldado preso] da advertência em relação ao seu parceiro, assumindo inteira responsabilidade, mas foi ignorado, e, acabou se descontrolando emocionalmente, sacando sua arma e apontando [ela] ao seu colega de farda”, afirmou o advogado Fabrício Bennaton em mensagem de texto.
As ameaças foram filmadas por celulares e compartilhadas nas redes sociais. Assista abaixo:
“Depois que ele sacou a arma, disse que passou um filme na cabeça dele, pensou na família, no emprego, mas já tinha sacado a arma e não tinha o que fazer. Ele está arrependido”, afirmou o advogado, que já entrou com um pedido de liberdade provisória ao soldado. A solicitação será analisada pela Justiça Militar.
“A família acompanha com tristeza a repercussão dos fatos e aguarda, com ansiedade, pela sua soltura”, disse ainda o defensor.
Em nota, a PM “classifica como gravíssima e repulsiva a ocorrência do início da tarde desta sexta-feira (4), na região de Santa Ifigênia, no centro da Capital, onde um policial ameaça outro com arma em punho, em via pública”.
“A atitude viola frontalmente os valores fundamentais da Instituição, especialmente a disciplina, a hierarquia, o profissionalismo, a honra e a dignidade humana, exigindo assim punições severas, na medida de sua gravidade. Por se tratar de crime militar, todas as circunstâncias em que os fatos se deram estão sendo apuradas pela autoridade competente, em sede de polícia judiciária militar. O autor da ameaça foi preso em flagrante delito pelo crime de ameaça (artigo 223 do Código Penal Militar) e violência contra superior qualificada pelo uso de arma (artigo 157 do Código Penal Militar) e será conduzido ao Presídio Militar Romão Gomes”, diz o comunicado oficial da PM de São Paulo.