Quem vê a farmacêutica Ivana Coelho (40) se dividindo, habilidosamente, entre a rotina do trabalho, da casa e da família não imagina que, há alguns dias, ela pensou que pudesse não estar viva para ver Pepe (7) e Théo (5), seus dois filhos, crescerem. Quando recebeu o diagnóstico de aneurisma cerebral, o desespero tomou conta de Ivana, que desconhecia a possibilidade de recorrer a uma técnica minimante invasiva para ficar curada.
Apesar de ser da área da saúde, a farmacêutica não sabia do que se tratava a embolização de aneurisma cerebral – tratamento endovascular para aneurismas intracranianos. “Descobri o aneurisma depois de uma dor súbita de cabeça muito forte, como se fosse uma trovoada. Daí, fiquei muito nervosa e com medo. No dia seguinte, marquei uma consulta com neurocirurgião e ele passou um exame chamado angioressonância cerebral”, conta Ivana.
Ela lembra que sempre sofreu com enxaquecas, mas a intensidade do último episódio foi diferente de tudo que já sentiu: “nunca senti uma dor de cabeça tão forte e estranha como essa, parecia que eu ia morrer. Isso aconteceu no final de janeiro, era meia-noite e eu não podia ir à emergência porque não tinha com quem deixar meus filhos. Somente no dia 16 de abril, fui à consulta com dr. Humberto Álvaro. Cheguei muito aflita mesmo, pois praticamente minha vida estava parada, se resumia a casa-trabalho, e eu sou muito ativa, praticava atividade física quase todos os dias”.
No consultório da RadioClinic – clínica especializada em radiologia intervencionista –, Ivana comemorou ao descobrir que não precisaria se submeter a uma cirurgia convencional, com recuperação mais lenta e dolorida. “Eu optei pela embolização, pois era muito menos invasivo e com menos riscos de sequelas. O procedimento, creio eu, levou duas horas, no máximo”, detalha.
Segundo o radiologista intervencionista Humberto Álvaro, diretor da RadioClinic, desde o primeiro contato com Ivana, ele a tranquilizou. “A gente sabe que, para o paciente, um diagnóstico desse é algo muito grande. Mas, quando temos condições de tratar de modo endovascular, se torna algo relativamente simples, com menos dor e sem necessidade de abrir a cabeça. Em poucos dias, o paciente já pode retornar ao trabalho”, afirma.
O tratamento endovascular do aneurisma cerebral é realizado na sala de hemodinâmica, utilizando-se cateter. No entanto, a indicação cirúrgica precisa levar em conta o tamanho do aneurisma – dilatação que se forma na parede enfraquecida de uma artéria do cérebro – e as condições clínicas do paciente. Além da embolização, a outra técnica utilizada para esses casos é a “clipagem”, quando a porção mais estreita do aneurisma é fechada por um clipe metálico, no centro cirúrgico.