Davi Passamani, pastor evangélico da igreja “Casa”, foi detido no início deste mês em Jardim Goiás, Goiânia, em meio a acusações de assédio e importunação sexual. Passamani, que atuava como presidente e líder do núcleo jovem da igreja, promovia cultos com temas controversos, como “Tinder” e “Vem, novinha”.
Os convites virtuais para esses cultos traziam frases como “Prontos para dar um match?” e eram acompanhados por vídeos que faziam referência ao aplicativo de encontros. Os eventos, realizados em agosto de 2022, foram organizados pelo grupo jovem da igreja, Casa Share.
As acusações contra Passamani ganharam força com a divulgação de um vídeo pela Polícia Civil de Goiás mostrando o momento de sua prisão durante um evento religioso. Segundo a delegada-adjunta Amanda Menuci, da Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem), Passamani teria usado versículos bíblicos para ganhar a confiança de uma fiel antes de cometer os atos de assédio.
Passamani é acusado de usar sua posição para abordar fiéis, incluindo menções a problemas emocionais e solicitações para que a vítima se tocasse, culminando em atos sexuais. Essas denúncias remontam a pelo menos duas ocasiões, uma delas em 2020 e outra em dezembro de 2023, quando Passamani renunciou ao cargo de presidente da igreja após uma denúncia.
Para as vítimas e seus representantes legais, a divulgação do caso nas redes sociais foi fundamental para encorajar outras pessoas a denunciarem Passamani. A advogada Taisa Steter enfatizou que o pastor encontrava meios de obter os números de telefone das vítimas para continuar seus abusos.
Enquanto a defesa de Passamani nega as acusações, a situação ganhou um novo capítulo com o envolvimento do desembargador Silvânio Divino de Alvarenga, do Tribunal de Justiça de Goiás. Durante uma sessão em março, Alvarenga sugeriu que a denunciante poderia ser “sonsa” e questionou a necessidade de “rigor moral” diante das acusações.
Embora o caso tenha sido arquivado na esfera criminal por falta de provas, no aspecto civil, os desembargadores deram parecer favorável ao pedido de indenização da vítima, destacando a seriedade das acusações contra Passamani.
Enquanto isso, a defesa do pastor continua buscando a liberdade de seu cliente, contestando a fundamentação da prisão e alegando que as acusações são parte de uma conspiração para manchar sua imagem e prejudicar sua prática religiosa.