EDITORIAL IB
É preciso falar o óbvio. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, sozinha, não tem condições de enfrentar o Comando Vermelho (CV). Necessário, de forma urgente, a criação de uma força-tarefa com integrantes do Governo baiano, Judiciário, Legislativo, Ministério Público e sociedade civil. Porque em outros estados essa facção foi expulsa? Porque o “cajado pesado da lei” entrou rasgando.
Em pleno domingo (14/04), à luz do dia, novamente a organização carioca promove o terror na capital baiana. Desta vez o alvo foi o bairro de Mirantes de Periperi, porta de entrada do Subúrbio Ferroviário. Dezenas de casas foram metralhadas e pichadas com as duas letras. Além disso, dois moradores, ambos sem envolvimento com a criminalidade, foram mortos por bala perdida na última semana. O mesmo grupo já atacou diversas localidades de Salvador e região metropolitana, a exemplo de Calabar, Engenho Velho de Brotas, Valéria e Ilha de Itaparica. Portanto, não é uma novidade.
Impressionou nos últimos dias a farta quantidade de munições com os bandidos, ao ponto de sustentar confrontos com policiais militares por quase duas horas. Faltou pouco para um helicóptero do Grupamento Aéreo da PM ser derrubado ou um policial morto no tiroteio. Insistem em ignorar a realidade, mas é impossível esconder no tapete. O CV é territorialista. Se nada for feito continuará avançando, matando e destruindo.
Assusta ainda o silêncio estarrecedor diante desse cenário alarmante. Cadê os deputados, os artistas e os pensadores? Não é uma questão mais de partido político. Não é um problema somente do PT, do União Brasil e/ou do grupo de Jair Bolsonaro. É um problema de todos. A sociedade clama por uma resposta.
E pasmem: não há diálogo nem mesmo com as comunidades. As autoridades aparentam estar perdidas. Em pleno ano de 2024, onde a tecnologia favorece a comunicação, os poderes constituídos não sabem, de fato, o que realmente ocorre por dentro de Salvador.
O CV e seus integrantes estão armados até os dentes com fuzis e botando pra quebrar. Quem foi o ‘Torre’ do CV que foi preso esse ano? Quem são esses chefões do crime? Alem do tráfico, quais as atividades financeiras deles? Bandas de pagode, postos de combustíveis? Eles expulsam pessoas de suas casas, recrutam adolescentes, arrancam cabeças de pessoas, decidem se marido e mulher podem ou não terminar um relacionamento, executam jovens negros e mulheres com 100 tiros no rosto, matam pessoas que moram em locais dominados por outra facção e o que, de fato, está sendo feito para combater isso? Vocês acreditam mesmo que somente PM entrar na favela e Polícia Civil grampear dois gerentes de tráfico resolve?
Apesar de assustadora, a situação da Bahia não é considerada igual ou pior que o Rio de Janeiro. Não temos tiroteios em avenidas principais, a exemplo da Paralela. As barricadas, embora existam, não acontecem de forma generalizada. Enfim, há muitas diferenças. Mas o fato é: ou todos se envolvem ou vamos virar Rio de Janeiro. É só uma questão de tempo.
