Em entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira (2), antes de ir ao desfile do 2 de Julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou sobre a decisão do Congresso Nacional de derrubar o decreto que reajustava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e defendeu a ação do governo de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, a judicialização é necessária para garantir a autoridade do Executivo e evitar o desmonte das políticas públicas.
“Se eu não entrar com recurso no Poder Judiciário, se eu não for à Suprema Corte, eu não governo mais o país, cara. Esse é o problema. Cada macaco no seu galho. Eles legislam, eu governo”, afirmou Lula.
O presidente destacou que o decreto do IOF não se trata de um aumento de imposto, mas de um ajuste tributário voltado à justiça fiscal, com foco na cobrança dos mais ricos. “Nós não estamos propondo aumento de imposto. Estamos fazendo um ajuste tributário nesse país para que os mais ricos paguem um pouco mais, para que a gente não precise cortar dinheiro da educação ou da saúde”, disse.
Lula também revelou bastidores da articulação política antes da derrubada do decreto e afirmou que houve um acordo firmado entre ministros e parlamentares na residência oficial do deputado Hugo Motta. “Eu estava na França e liguei para a Gleisi Hoffmann. Ela me disse que a reunião foi maravilhosa, cheia de abraços, de consenso. Quando chegou na terça-feira, o presidente da Câmara tomou uma decisão absurda”, criticou.
Apesar do embate, o chefe do Executivo negou qualquer rompimento institucional com o Congresso. “O presidente da República não rompe com o Congresso. O Congresso tem seus direitos, e eu tenho os meus. Quando os dois não se entendem, a Justiça resolve”, ponderou.
Lula ainda sugeriu que a alternativa para manter equilíbrio fiscal seria rever isenções bilionárias. “Você sabe quanto se deixa de pagar imposto nesse país? R$ 860 bilhões. Se tirarmos 10% disso, não precisaríamos cortar dinheiro da educação ou da saúde. Mas preferem que eu corte o salário mínimo ou os programas sociais?”, questionou.
Ao final da entrevista, o presidente reforçou que pretende retomar o diálogo político após seus compromissos internacionais e garantiu que a normalidade institucional será restabelecida.