Por Ramon Margiolle
A trágica morte do soldado Wesley Soares neste domingo (28/03), no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador, que ontem completou 472 anos, evidencia que a preservação da vida não foi prioridade durante a operação comandada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope).
A Polícia Militar da Bahia perdeu em todos os cenários e agora o Ministério Público precisa agir, apurar com rigor máximo toda a situação. A PMBA é uma instituição que, infelizmente, não consegue cuidar do seu público interno. Então, como é capaz de cuidar do público em geral? Está explicado o motivo de tantas ações desastrosas em comunidades mais pobres.
O policial teve um surto psicótico e isso é inegável. Agora, a motivação do rapaz todos já sabiam. Ou não? Deixaram o problema aumentar e com certeza há outras coisas que precisam ser apuradas. O final foi trágico por conta da incompetência em gerenciar crises pré-existentes.
Não precisar ser especialista no assunto para perceber que houve, sim, alguns equívocos. Primeiro, o tiro foi realmente nos policiais ou foi mais um disparo feito para cima? O zoom da imagem leva a crer que ele atira na tropa, mas há dúvidas. O militar surtado faz um disparo e abaixa a arma. Isso demonstra claramente que o objetivo é impedir a aproximação dos colegas.
Nas imagens, é possível identificar também que um dos policiais do Bope atira para atrair a atenção da vítima e em seguida, estrategicamente, corre para o outro lado. Nesse momento, a célula do Bope avança. Uma pausa! Wesley já está alvejado e caído ao solo realmente atira. Mas porque ele atira? Porque ele foi alvejado. Então, na verdade, quem reagiu não foi o Bope e sim Wesley.
Muitos questionamentos precisam ser respondidos: primeiro porque o local não estava totalmente isolado e porque não permitiram que a imprensa fizesse a cobertura de forma ampla, obviamente, respeitando os limites de segurança? Outro ponto: porque não utilizou um armamento menos letal? A gente ver sempre o Bope em seus treinamentos exibir granada de luz e som, bomba de efeito moral e bala de borracha, por exemplo. Mais: porque não deixou ele cansar? Porque não aguardou o familiar conversar? A PM optou pelo uso de um protocolo internacional.
Apesar da situação lamentável, não podemos admitir, em hipótese alguma, a politização do caso, nem tampouco concordar com ataques ao comandante-geral, coronel Paulo Coutinho, que também é uma vítima desse problema secular que assola a instituição. Além disso, o referido oficial assumiu o cargo recentemente e como bem frisou, vem desenvolvendo um firme trabalho de apoio psicológico, mas que o resultado não é imediato.
Por fim, Wesley é um cidadão que pagava seus impostos, estava isolado e tinha todo o direito de protestar. Além disso, essa questão complexa alerta para a situação interna da corporação, que como todo Brasil, uma parte das pessoas está contaminada. Todos perderam, não somente a instituição. O jovem militar, que trabalhava em um ambiente desfavorável, foi traído pela impulsividade, o gatilho disparou.